📖 Guia da Temporada de Balanços: Saiba as melhores ações escolhidas por IA e lucre no pós-balançoLeia mais

EXCLUSIVO-Petrobras negocia venda de refinaria nos EUA com Chevron, dizem fontes

Publicado 25.10.2018, 18:29
© Reuters. Tanques da Petrobras
PETR4
-

Por Rodrigo Viga Gaier e Erwin Seba

RIO DE JANEIRO/HOUSTON (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) está negociando a venda da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, com a norte-americana Chevron, de acordo com três fontes com o conhecimento do assunto.

Uma das fontes indicou que estão avançadas as negociações para a venda do ativo no Texas, que esteve no foco das investigações da operação Lava Jato sobre corrupção envolvendo a estatal brasileira.

A negociação ocorre no momento em que companhias de petróleo dos EUA estão buscando expandir as operações de refino para absorver os grandes volumes de petróleo de "shale" que estão sendo extraídos no país.

Segundo uma fonte da indústria de petróleo nos EUA, a companhia norte-americana "está muito perto de adquirir Pasadena", refinaria com capacidade de processamento de 110 mil barris por dia.

No Brasil, uma segunda fonte com conhecimento da situação, que também pediu para não ser identificada, confirmou as negociações com a Chevron.

"Pode ser sim, Pasadena pode ser vendida (para Chevron). Há conversas em andamento, e só posso dizer isso", disse.

O processo de venda de Pasadena --cuja compra pela Petrobras teria causado prejuízo para a estatal de mais de meio bilhão de dólares, segundo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU)-- foi iniciado em fevereiro deste ano.

Em maio, a Petrobras iniciou a fase vinculante do processo de venda do ativo, em que interessados habilitados em uma fase anterior da negociação recebem cartas-convite com instruções detalhadas e orientações para realização de due dilligence.

Depois disso, a estatal não divulgou mais informações sobre o processo de venda.

Procurada nesta quinta-feira, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente. A Chevron não quis comentar o tema.

As fontes não falaram em valores que estão sendo negociados.

A venda da refinaria seria positiva para a Petrobras, que busca reduzir suas dívidas e tem enfrentado obstáculos para desenvolver seu programa de desinvestimentos de 21 bilhões de dólares no biênio 2017-2018.

Uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, que exigiu que vendas de subsidiárias por estatais sejam aprovadas antes pelo Congresso, fez com que a empresa suspendesse a venda planejada de uma unidade de gasodutos no Nordeste avaliada em bilhões de dólares.

BOOM DO "SHALE"

Garfield Miller, executivo-chefe da Aegis Energy Advisors, disse que o boom do "shale oil", um tipo de petróleo não convencional, deu uma segunda chance às unidades dos EUA projetadas para processar os petróleos mais leves.

Há alguns anos a Petrobras não conseguiria vender a refinaria de Pasadena, pelo seu tempo de operação e incapacidade de processar petróleos pesados.

Mas isso mudou com o desenvolvimento da Bacia Permian, que está produzindo 3,5 milhões de barris por dia de petróleo, segundo os últimos números do governo.

"Qualquer um com petróleo na Permian pode logicamente querer comprar", disse Miller. "Esta refinaria hoje tem valor, enquanto oito ou nove anos atrás não tinha."

Pierre Breber, chefe de refino e produtos químicos da Chevron, disse neste mês que a empresa queria construir ou comprar uma refinaria ao longo da Costa do Golfo dos EUA para processar petróleo de suas operações do oeste do Texas.

A produção de "shale" da Chevron na região aumentou 51 por cento no segundo trimestre, para 270 mil barris de óleo equivalente por dia.

Ao expandir sua capacidade de refino para Houston, seria capaz de processar o petróleo mais próximo de onde é produzido.

Quando anunciou a venda de Pasadena, a Petrobras afirmou que o negócio incluiria todo o sistema de operações de refino, tanques com capacidade de armazenamento de 5,1 milhões de barris de petróleo e derivados, terminal marítimo e estoques associados.

HISTÓRICO POLÊMICO

Há alguns anos, a Petrobras reconheceu, por conta dos problemas de corrupção, baixas contábeis de 530 milhões de dólares relacionadas a ajustes no valor percebido da refinaria, em um caso que atingiu também a ex-presidente Dilma Rousseff, que na época da compra da refinaria era a presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

Em 2014, quando questionada sobre os problemas na aquisição de Pasadena, a então presidente Dilma afirmou que recebeu informações incompletas das diretorias da Petrobras responsáveis pela negociação, que a induziram a aprovar o negócio, segundo ela.

Na época da compra de Pasadena, Dilma também era ministra da Casa Civil do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

© Reuters. Tanques da Petrobras

Ao todo, a Petrobras pagou cerca de 1,2 bilhão de dólares por Pasadena, em negócio que envolveu inicialmente 50 por cento do ativo, por 360 milhões de dólares, em 2005.

Após uma disputa em uma câmara de arbitragem com a sócia Astra Oil, a petroleira brasileira foi obrigada a desembolsar milhões de dólares adicionais pela outra metade do ativo.

(Por Rodrigo Viga Gaier e Erwin Seba, com reportagem adicional de Ron Bousso em Londres; escrito por Roberto Samora)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.