Por Tatiana Bautzer e Carolina Mandl e Gram Slattery e Sabrina Valle
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO - A Petrobras (SA:PETR4) espera receber na quinta-feira ofertas vinculantes para a segunda maior refinaria do Brasil, conforme cinco pessoas com conhecimento do assunto, dando largada a planos de se desfazer de mais de 10 bilhões de dólares em ativos.
Se a venda da refinaria Landulpho Alves for concluída, este seria o primeiro passo concreto nas tentativas da Petrobras de encerrar seu quase monopólio de refino no Brasil e abrir um dos dez principais mercados de combustível do mundo para investidores privados.
Entre os possíveis candidatos a compradores estão o fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, Mubadala Investment Co e a gigante de refino chinesa Sinopec.
O conglomerado indiano Essar Group, que possui operações de exploração em seu país e ativos de refino e distribuição de combustível na Grã-Bretanha, estava inicialmente interessado em uma refinaria menor da Petrobras, mas não se descarta que possa também concorrer à RLAM, disseram duas fontes.
Petrobras, Mubadala e Essar não quiseram comentar o assunto. A Sinopec não respondeu pedido de comentário.
Mais tarde, em comunicado após questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a reportagem da Reuters, a Petrobras confirmou que receberá propostas pela refinaria na Bahia na quinta-feira, mas não forneceu detalhes adicionais.
A Petrobras planeja vender metade de sua capacidade de refino, ou oito refinarias, começando com a primeira unidade de combustível do Brasil, construída em 1950 e também conhecida como RLAM.
Mesmo que o monopólio da Petrobras tenha sido extinto por lei há duas décadas, a estatal manteve o controle de mais de 98% da produção de combustível do Brasil.
A unidade pode processar 323 mil barris por dia, ou cerca de 14% da capacidade total do Brasil, e será vendida em conjunto com dutos e terminais. A planta requer reformas, de acordo com uma das fontes.
A pandemia de Covid-19 afetou o valor das refinarias que a Petrobras pretende vender até 2021. Com as pessoas isoladas em casa, a demanda mundial por combustíveis caiu, com consequente queda no preço do petróleo.
Nenhum grupo interessado na compra no pré-pandemia recuou de seus planos, disse uma das fontes, mas preços foram recalculados.
O processo de venda tem atrasado desde 2019. No início do ano, candidatos pediram mais tempo à Petrobras para buscar mais fontes de financiamento.
Com a pandemia, o processo atrasou novamente, diante de restrições a inspeções in loco que dificultaram o trabalho de avaliação conhecido como due diligence, informou a Reuters. A due diligence foi concluída em parte das refinarias, disseram duas fontes com conhecimento direto do assunto, e o mercado de capitais está retomando lentamente, permitindo ofertas de ações e vendas de dívidas.
Duas outras refinarias na região Sul do Brasil, a Refap, no Rio Grande do Sul, e a Repar, no Paraná, terão prazos finais para ofertas vinculantes no terceiro trimestre. O processo poderia começar ainda em julho, acrescentaram duas fontes.