SÃO PAULO (Reuters) - A General Motors (NYSE:GM) espera ter crescimento de mais de 70 por cento na exportações de veículos montados do Brasil este ano, impulsionado pela desvalorização do real que tornou os produtos da companhia mais competitivos, afirmou nesta terça-feira o presidente da montadora para o país, Santiago Chamorro.
Com desvalorização do real ante o dólar acima de 50 por cento até agora, a GM espera exportar 60 mil veículos produzidos no Brasil este ano, ante 35 mil no em 2014, disse o executivo durante evento do setor promovido pela revista Quatro Rodas.
Segundo Chamorro, a maior parte dos crescimento nas vendas externas está sendo direcionado ao México e à África do Sul. Ele comentou que para 2016, a expectativa inicial é de manter o volume exportado este ano.
Apesar do desempenho nas vendas externas, o executivo comentou que a forte valorização da moeda norte-americana contra o real tem pesado no curto prazo sobre os custos do setor por conta de componentes que ainda precisa importar e impacto de custos em matérias-primas.
Perguntado sobre eventuais aumentos nos preços do aço fornecido por siderúrgicas, Chamorro afirmou que a GM está revendo todos os contratos com fornecedores para deixá-los de acordo com o "patamar do mercado interno que estamos vendo". De janeiro a agosto, as vendas de veículos novos no Brasil acumularam queda de 21 por cento.
"A melhor forma de proteger volumes (de vendas) é fazer sacrifícios no curto prazo (...) Aproveitar a conjuntura (do dólar) e ter negociação que não acompanha a situação do mercado é uma conversa difícil", disse Chamorro.
Mais cedo, o presidente da associação de montadoras, Anfavea, Luiz Moan, afirmou que a entidade deve rever nos próximos dias sua projeção de queda nas vendas no mercado interno em 2015 para 23 a 24 por cento ante expectativa atual de recuo de 20,6 por cento.
Perguntado sobre excedentes de força de trabalho no Brasil diante da queda do consumo, Chamorro afirmou que a GM tem usado "todas as ferramentas" possíveis para ajustar-se ao nível de demanda do país e evitar demissões, mas que se o mercado continuar enfraquecendo nos próximos meses, a empresa terá que "reavaliar seus números".
A companhia suspendeu durante toda esta semana a produção em fábricas em São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes, em São Paulo.
(Por Alberto Alerigi Jr.)