Por Aluísio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - Uma prorrogação por 90 dias do empréstimo-ponte concedido à empresa de construção naval Sete Brasil está quase pronto, disse nesta segunda-feira o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco.
"O memorando já teve as assinaturas", disse Trabuco a jornalistas, durante o evento Brazil Investment Fórum, promovido pelo banco.
O executivo negou que o banco esteja planejando pedir execução de garantias por empréstimos feitos à Sete Brasil, fabricante de sondas de exploração de petróleo que vem sentindo os efeitos da crise na Petrobras, mergulhada num escândalo de corrupção.
Trabuco disse que a exposição total do Bradesco à Sete Brasil "não chega" a 3 bilhões de reais, mas evitou detalhar números.
Pouco antes, durante palestra, Trabuco afirmou que a cadeia de óleo e gás no país precisa ser redesenhada devido ao cenário atual do setor e da economia.
Trabuco, aliás, afirmou que os bancos privados do país têm interesse em ampliar investimentos em infraestrutura.
"O Brasil precisa rever o modelo de repasse de recursos do governo aos bancos públicos, como o BNDES", disse.
De acordo com o executivo, o governo não tem condições de controlar simultaneamente os três pilares da indústria do crédito: o funding, o prazo e as taxas. Por isso, é necessária a participação do mercado de capitais e, antes disso, as contas fiscais precisam ser corrigidas.
Para Trabuco, a atual equipe econômica tem condições de corrigir os problemas criados na economia nos últimos anos por causa do uso de "políticas anticíclicas vigorosas".
Ele disse não enxergar um plano B para o atual governo senão reconquistar a confiança do mercado na solvência das contas públicas. Para isso, defendeu a aprovação do pacote de ajuste fiscal pelo Congresso Nacional.
O ajuste deve ser o tema central agora, afirmou. Tanto que Trabuco considerou desnecessário tratar do tema da autonomia formal do Banco Central, defendida recentemente pelo presidente do Senado, Renan Calheiros.
"Temos assuntos mais urgentes para tratar agora", disse o executivo. "Temos que tirar do caminho essa discussão de se o Brasil vai ou não perder o investment grade (grau de investimento)".