A cautela internacional, em meio a temores com juros altos lá fora, e interna, por conta do fiscal, limita uma recuperação do Ibovespa no último pregão da semana. Na sexta-feira, 21, a B3 (BVMF:B3SA3) ficará fechada por conta do feriado de Tiradentes, o que tende a reduzir a liquidez. Além disso, há volatilidade por conta do vencimento de opções sobre ações.
A agenda esvaziada também não ajuda. Os investidores acompanham o anúncio do marco das PPPs. O governo anunciou um pacote com 13 medidas para estimular o crédito e projetos em infraestrutura, com o objetivo de facilitar o acesso e reduzir as taxas de juros no mercado de crédito, em um momento de aperto no Brasil da oferta.
Há pouco, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que a instituição dará aval a Estados e municípios para operações de aportes em PPPs. "Com garantia do Tesouro, mais projetos de PPPs serão viáveis."
Apesar da cautela externa, Fernanda Bandeira, sócia e advisor da Blue3 Investimentos, ressalta como positivo o anúncio das medidas pelo governo. "A ideia de melhorar a qualidade do crédito, diminuir a inadimplência e reduzir juros é uma pauta bem interessante. Algo que ainda está sendo avaliado, e o mercado começou a olhar um campo de insegurança de novo, por conta do receio com juros altos no mundo", avalia.
Ontem, o Índice Bovespa fechou em queda de 2,12%, aos 103.912,94 pontos, acumulando perda semanal de 2,23%, após alta de 5,41% na passada. Prevaleceu o mau humor dos investidores ao avaliarem os detalhes do novo arcabouço fiscal e após a saída do general Gonçalves Dias do cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. Ele pediu para deixar o posto depois da divulgação na imprensa de vídeos mostrando agentes do GSI deixando o Palácio do Planalto à mercê dos vândalos que o invadiram no dia 8 de janeiro deste ano.
"Tal situação pode complicar a intenção de aprovação rápida do novo arcabouço fiscal, sendo que o texto final manteve as preocupações com alguns pontos das novas regras, bem como as dúvidas sobre a capacidade do governo de ampliar as receitas da forma desejada", avalia em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.
Na opinião do economista, "ainda que os ativos possam conter a sangria de ontem, o sinal para o dia é de cautela, de olho também no feriado local de amanhã."
Além da queda das bolsas internacionais, as commodities caem no exterior, o que limita alta do Ibovespa. Há temores em relação à demanda mundial, diante da percepção de que os juros vão continuar altos por mais tempos nos EUA e na Europa. O minério de ferro caiu 2,62% em Dalian, na China, e o petróleo cede em torno de 2,50%. "Isso relaciona com a parte do cenário corporativo de incertezas em relação às condições das empresas, que é o que está fazendo preço, em dia de vencimento de opções, o que gera volatilidade, mas isso era esperado", avalia Fernanda.
Às 11h40, o Ibovespa subia 0,20%, aos 104.185,71 pontos, ante máxima aos 104.551,53 pontos, quando avançou 0,61%. Na mínima (103.086,87 pontos) caiu 0,79%. Petrobras PN (BVMF:PETR4) subia 0,45% e ON, 0,17%, enquanto Vale (BVMF:VALE3) caía 0,51%. Na semana, acumula queda de 1,93%. Em Nova York, as bolsas cediam.