Andrés Mourenza.
Atenas, 13 mai (EFE).- Após onze horas e cinco reuniões a classe política grega não chegou neste domingo a um acordo para formar um governo de coalizão com maioria suficiente para evitar a realização de novas eleições,
A intensa rodada de contatos do presidente Carolos Papoulias com todas as forças parlamentares realizada hoje não conseguiu levar a um consenso por isso as negociações seguirão amanhã.
Papoulias convocou uma reunião para às 19h30 locais (13h30 de Brasília) entre os partidos que poderiam formar um governo: a conservadora Nova Democracia (ND), o esquerdista Syriza, o social-democrata Pasok e o centro-esquerdista Dimar, respectivamente primeira, segunda, terceira e sétima maiores forças do país.
Os quatro partidos somam 220 das 300 cadeiras do Parlamento, mas a Syriza recusou num encontro realizado na manhã de hoje participar de uma coalizão.
"Os partidos da coalizão governaram a Grécia nos últimos dois anos e ainda continuam chantageando o povo. Mas os gregos não podem ser chantageados", disse o líder da Syriza, Alexis Tsipras, em referência ao Pasok e ao ND, os partidos que assinaram com a União Europeia (UE) os compromissos de austeridade para reduzir a dívida do país. Em referência às medidas, Tsipras afirmou em entrevista coletiva que não será "cúmplice" do "crime" cometido por estes partidos.
O último líder a se encontrar com Papoulias neste domingo, Fotis Kouvelis, do Dimar, declarou após a reunião que a Grécia necessita de um governo amplo que inclua todos os partidos que querem manter o país na Eurozona.
No entanto, Kuvelis explicou que Papoulias reconheceu que essa coalizão é impossível devido à negativa do Syriza. "O presidente me disse que até agora não há possibilidade de formar um governo de unidade", explicou o líder do Dimar.
Kuvelis declarou que cada formação deve assumir sua responsabilidade e que o mais importante é que o país evite novas eleições.
Até o momento, a conservadora Nova Democracia, o social-democrata Pasok e o Dimar chegaram a um princípio de acordo para formar um gabinete que mantenha o país na eurozona e renegocie os compromissos de austeridade com a União Europeia (UE).
O Tsipras afirmou que a ND, o Pasok e o Dimar já contam com uma maioria suficiente para formar governo (168 deputados). "Eles têm a maioria, que sigam adiante. O requerimento para que o Syriza participe não tem precedentes e não é razoável", criticou Tsipras.
Mas esses partidos consideram imprescindível que a esquerda radical do Syriza, como segundo partido político da Grécia, participe do governo.
"Fiz todos os esforços possíveis para a cooperação de todos. Syriza não escutou o mandato do povo grego e não apoiará a formação de um governo viável que poderia renegociar as condições do memorando com a UE e o acordo de empréstimo", explicou o chefe da ND, Antonis Samaras.
Se a iniciativa presidencial não alcançar um acordo, a Grécia terá que realizar novas eleições num prazo mínimo de três semanas após a constituição do Parlamento em 17 de maio, por isso a data desta votação deverá ser 10 ou 17 de junho. EFE