María Ruiz.
Bruxelas, 31 ago (EFE).- A zona do euro retoma o curso político sem garantias de que sua saída da recessão anunciada pelo escritório de estatística comunitária, o Eurostat, concretizará uma verdadeira recuperação que traga o esperado fim da crise.
"A dinâmica negativa dos últimos dois anos não vai desaparecer imediatamente. Corrigir a elevada taxa de desemprego (12,1% na eurozona e 26,3% na Espanha em julho) vai levar muito tempo", afirm à Agência Efe Guntram Wolff, diretor do Instituto Bruegel, uma instituição de pesquisa em economia internacional sediada em Bruxelas.
"Além disso, continuam existindo grandes dificuldades no setor bancário, apesar de também haver elementos positivos como o aumento das exportações na Espanha", acrescentou.
Após um ano e meio imersa em uma recessão de dimensões históricas, com o consumo, o investimento e o comércio exterior abalados, uma taxa de desemprego recorde e níveis de dívida nunca vistos, a recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) durante o segundo trimestre do ano trouxe um respiro para a moeda única.
No entanto, este bom dado - um crescimento econômico de 0,3% tanto na zona do euro como no conjunto da União Europeia (UE)-, embora melhor do que o esperado, não deixa de ser modesto e uma média europeia que esconde acentuadas diferenças entre estados-membros.
Enquanto Alemanha e França registraram um aumento do PIB entre abril e junho de 0,7% e 0,5%, respectivamente, que impulsionou a melhora da média europeia, outros continuaram em negativo, como Espanha (-0,1%), Itália e Holanda (ambas, -0,2%).
O aumento do consumo interno, os investimentos e as exportações impulsionaram o crescimento alemão e francês nos últimos meses, mas nada assegura que a progressão das duas economias maiores da eurozona vá se manter.
O Bundesbank (banco central alemão) antecipou que a economia alemã se normalizará no restante de ano e explicou que a elevada parcela de crescimento trimestral está relacionada com a estagnação da produtividade econômica no primeiro trimestre.
A França, por sua vez, segue tendo que fazer frente a uma taxa de desemprego superior a 10% que também não é fácil.
"Alemanha e França tiveram um crescimento melhor do que o esperado, mas não se pode balançar os sinos, o que fizemos é passar de uma recessão a uma situação de certa estagnação", disse à Agência Efe o eurodeputado socialista espanhol Antolín Sánchez Presedo.
"Não se poderá falar de recuperação econômica até que todos os países tenham uma tendência clara ao crescimento sustentável", acrescenta o membro da Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários da Eurocâmara.
A forma de acabar com a crise, segundo ele, produz divergências, mas ninguém duvida que o Banco Central Europeu (BCE) foi essencial para diminuir as tensões nos mercados de dívida, que na Espanha representou uma queda do prêmio de risco de mais de 400 pontos.
O presidente da entidade, Mario Draghi, pôs fim às especulações que encareciam o financiamento dos estados- membros periféricos no ano passado ao assegurar que o BCE estava disposto a fazer "o que fosse necessário" para salvar o euro.
"Os mercados finalmente acharam que o projeto europeu, o euro, vai a sério e é irreversível", declarou à Efe o vice-presidente da Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu, o eurodeputado popular Pablo Zalba. EFE