Washington, 12 out (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM) concluíram neste sábado sua assembleia conjunta anual com um pedido "urgente" aos Estados Unidos para que ponha fim à incerteza fiscal e uma certa dose de preocupação com o futuro dos países emergentes.
"Os EUA precisam atuar de forma urgente para fazer frente às incertezas fiscais de curto prazo", informou hoje em comunicado o Comitê Financeiro e Monetário Internacional (IMFC), principal órgão executivo do FMI.
Por sua vez, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, alertou que estamos a cinco dias de um "momento muito perigoso" para o mundo e instou os EUA a atuar e aumentar o teto da dívida para evitar uma moratória no país.
"Quanto mais nos aproximemos da data limite, maior será o impacto nos países em desenvolvimento", previu Kim em declarações no encerramento da assembleia conjunta.
"Poderia ser um evento desastroso para o mundo em desenvolvimento e isso, por sua vez, danificaria gravemente também as economias avançadas", acrescentou.
A paralisação parcial dos serviços de governo dos EUA e, principalmente, a falta de um acordo para aumentar o teto da dívida federal de US$ 16,7 trilhões que será alcançado no dia 17 de outubro, foram dois dos temas dominantes da assembleia conjunta do FMI e do Banco Mundial que foi realizada durante esta semana em Washington.
Os senadores republicanos bloquearam hoje uma proposta democrata para estender o limite da dívida até depois das eleições legislativas que acontecerão em novembro de 2014, enquanto a Casa Branca se nega a aceitar a opção republicana de elevar o teto de dívida durante apenas seis semanas.
A situação provocou todo tipo de comentários neste sábado na reunião de titulares de Economia e Finanças de todo o mundo na capital americana.
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, se referiu a uma hipotética moratória nos EUA como "impensável", enquanto o ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos, assegurou que a última coisa que a economia mundial precisa é esse tipo de incerteza.
O próprio secretário do Tesouro dos EUA, Jack Lew, reconheceu a gravidade do problema ao indicar que seu país é a "âncora do sistema financeiro mundial" e o lugar ao qual acodem os investidores quando o risco global aumenta, e insistiu que não se pode pôr em jogo essa reputação.
"Com os mercados financeiros mais líquidos, quando aumenta o risco, os investidores recorrem aos EUA em busca de segurança e ativos de qualidade", destacou Lew.
Preocupante também, segundo o FMI, é o futuro dos países emergentes, que crescerão este ano 4,5%, meio ponto a menos que o antecipado em julho. Em 2014 o crescimento será de 5,1%, quatro décimos menos que o previsto.
Esse menor crescimento coincide, além disso, com uma crescente volatilidade em seus mercados de capitais perante a esperada mudança de rumo na política monetária dos EUA.
"A recente volatilidade nos fluxos de capital e nos mercados financeiros criou novos desafios em alguns países", afirmou o Comitê Financeiro e Monetário Internacional em seu comunicado final.
Com esse cenário como pano de fundo, o FMI lançou hoje uma mensagem aos bancos centrais das economias avançadas para que tentem limitar os efeitos colaterais de um progressivo endurecimento monetário.
O comitê do FMI disse reconhecer a necessidade de uma mudança nas políticas monetárias dos países avançados, dada a melhoria em seus fundamentos econômicos, mas pediu que essa transição seja calibrada "com cuidado" e comunicada "com clareza".
A atenção está especialmente centrada nos EUA, que mantêm suas taxas de juros em níveis próximos a zero desde 2008 e esteve injetando liquidez no sistema a um ritmo de US$ 85 bilhões durante o último ano por meio da compra de bônus do Tesouro.
A diretora geral do FMI, Christine Lagarde, assegurou que o organismo está pronto para "desdobrar seus recursos quando lhe for solicitado a fim de apoiar a seus membros".
O FMI também pediu, durante o encerramento da assembleia, avanços no processo de reforma da instituição para dar maior voz aos países emergentes.
O conselho executivo do FMI aprovou há três anos essa reforma, que reduziria o peso da Europa na instituição, mas a falta de aprovação de EUA, o principal acionista do Fundo, impediu que as mudanças se materializassem.
"Os mercados emergentes cumpriram sua parte do acordo. É hora de EUA e Europa cumprirem a sua", afirmou hoje o presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini. EFE
tb/rsd
"Os EUA precisam atuar de forma urgente para fazer frente às incertezas fiscais de curto prazo", informou hoje em comunicado o Comitê Financeiro e Monetário Internacional (IMFC), principal órgão executivo do FMI.
Por sua vez, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, alertou que estamos a cinco dias de um "momento muito perigoso" para o mundo e instou os EUA a atuar e aumentar o teto da dívida para evitar uma moratória no país.
"Quanto mais nos aproximemos da data limite, maior será o impacto nos países em desenvolvimento", previu Kim em declarações no encerramento da assembleia conjunta.
"Poderia ser um evento desastroso para o mundo em desenvolvimento e isso, por sua vez, danificaria gravemente também as economias avançadas", acrescentou.
A paralisação parcial dos serviços de governo dos EUA e, principalmente, a falta de um acordo para aumentar o teto da dívida federal de US$ 16,7 trilhões que será alcançado no dia 17 de outubro, foram dois dos temas dominantes da assembleia conjunta do FMI e do Banco Mundial que foi realizada durante esta semana em Washington.
Os senadores republicanos bloquearam hoje uma proposta democrata para estender o limite da dívida até depois das eleições legislativas que acontecerão em novembro de 2014, enquanto a Casa Branca se nega a aceitar a opção republicana de elevar o teto de dívida durante apenas seis semanas.
A situação provocou todo tipo de comentários neste sábado na reunião de titulares de Economia e Finanças de todo o mundo na capital americana.
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, se referiu a uma hipotética moratória nos EUA como "impensável", enquanto o ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos, assegurou que a última coisa que a economia mundial precisa é esse tipo de incerteza.
O próprio secretário do Tesouro dos EUA, Jack Lew, reconheceu a gravidade do problema ao indicar que seu país é a "âncora do sistema financeiro mundial" e o lugar ao qual acodem os investidores quando o risco global aumenta, e insistiu que não se pode pôr em jogo essa reputação.
"Com os mercados financeiros mais líquidos, quando aumenta o risco, os investidores recorrem aos EUA em busca de segurança e ativos de qualidade", destacou Lew.
Preocupante também, segundo o FMI, é o futuro dos países emergentes, que crescerão este ano 4,5%, meio ponto a menos que o antecipado em julho. Em 2014 o crescimento será de 5,1%, quatro décimos menos que o previsto.
Esse menor crescimento coincide, além disso, com uma crescente volatilidade em seus mercados de capitais perante a esperada mudança de rumo na política monetária dos EUA.
"A recente volatilidade nos fluxos de capital e nos mercados financeiros criou novos desafios em alguns países", afirmou o Comitê Financeiro e Monetário Internacional em seu comunicado final.
Com esse cenário como pano de fundo, o FMI lançou hoje uma mensagem aos bancos centrais das economias avançadas para que tentem limitar os efeitos colaterais de um progressivo endurecimento monetário.
O comitê do FMI disse reconhecer a necessidade de uma mudança nas políticas monetárias dos países avançados, dada a melhoria em seus fundamentos econômicos, mas pediu que essa transição seja calibrada "com cuidado" e comunicada "com clareza".
A atenção está especialmente centrada nos EUA, que mantêm suas taxas de juros em níveis próximos a zero desde 2008 e esteve injetando liquidez no sistema a um ritmo de US$ 85 bilhões durante o último ano por meio da compra de bônus do Tesouro.
A diretora geral do FMI, Christine Lagarde, assegurou que o organismo está pronto para "desdobrar seus recursos quando lhe for solicitado a fim de apoiar a seus membros".
O FMI também pediu, durante o encerramento da assembleia, avanços no processo de reforma da instituição para dar maior voz aos países emergentes.
O conselho executivo do FMI aprovou há três anos essa reforma, que reduziria o peso da Europa na instituição, mas a falta de aprovação de EUA, o principal acionista do Fundo, impediu que as mudanças se materializassem.
"Os mercados emergentes cumpriram sua parte do acordo. É hora de EUA e Europa cumprirem a sua", afirmou hoje o presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini. EFE
tb/rsd