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François Hollande acelera agenda europeia ante crise

Publicado 10.05.2012, 16:26
Atualizado 10.05.2012, 16:49

Paris, 10 mai (EFE).- O presidente eleito da França, François Hollande, acelerou sua agenda de trabalho relativa à Europa ao receber nesta quinta-feira o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, e anunciou que antecipará o encontro previsto com a chanceler alemã, Angela Merkel, que ocorrerá horas após assumir o cargo.

Hollande mantém divergências com Merkel sobre o tratado europeu de equilíbrio financeiro assinado no início de março passado e que o futuro presidente francês quer renegociar para introduzir medidas de estímulo fiscal.

Por isso, poucas horas depois assumir o cargo na próxima terça-feira, viajará a Berlim para jantar com a chanceler, que multiplica as mensagens de advertência sobre os perigos de se desviar do caminho da austeridade orçamentária.

Antes desse encontro crucial, Hollande recebeu Juncker em seu quartel-general de campanha, um dia após se reunir com o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy.

O porta-voz de Hollande, Pierre Moscovici, afirmou que o encontro, de mais de uma hora de duração, foi cordial e definiu Juncker como uma figura "útil" para modificar a estratégia de crescimento da Europa. No entanto, a postura de Juncker nos últimos dias se mostrou mais próxima à de Merkel que à de Hollande.

Uma vez instalado no Palácio do Eliseu, o presidente socialista deve revelar suas propostas em um memorando que enviará aos demais líderes europeus, como antecipou Van Rompuy nesta quarta-feira.

Hollande participará posteriormente da cúpula informal de chefes de Estado e de governo que o presidente do Conselho convocou para o próximo dia 23.

Os assessores de Hollande negam que pretendam travar uma disputa com Merkel, mas reconhecem "desacordos" com a chanceler. O responsável econômico de sua campanha, Michel Sapin, tido como futuro ministro da Economia, disse nesta quinta-feira, em entrevista à emissora "BFMTV", que a posição de Merkel mudou e assinalou que "é preciso encontrar um terreno de entendimento" entre as duas posturas.

Mas negou que Hollande busque o crescimento a crédito, contra o que deixou entrever a chanceler.

"Sabemos que, se tentarmos relançar o crescimento a custa de elevar a dívida, vamos nos prejudicar. Mas se contarmos apenas com a austeridade, também vamos nos prejudicar. Por isso, é preciso encontrar uma via alternativa", declarou Sapin.

O deputado justificou a viagem a Berlim ao mencionar a "importância que a relação franco-alemã tem para a Europa", mas ressaltou que a construção da Europa não funcionará "se não forem compartilhadas as decisões com o resto dos líderes".

"A Alemanha não é a superpotência da Europa, é um membro muito importante, imprescindível, mas precisa contar com os demais", afirmou Sapin. "(Hollande) buscará pôr a Europa no bom caminho".

O responsável econômico do programa de Hollande assinalou que as posturas mudaram desde a eleição do candidato socialista e que os líderes europeus terão de se pronunciar sobre o tipo de tratado que querem.

Sapin afirmou que a negociação com Merkel "não pode ser de fachada", mas "precisa ter efeitos tangíveis no estímulo ao crescimento, que agora é muito fraco na Europa, e na criação de emprego".

O presidente eleito parece avançar mais rápido e de forma mais transparente em sua agenda internacional que na doméstica.

A crise grega e os problemas com os bancos espanhóis centraram sua atenção nos assuntos europeus, mais abordados pela mídia do que os nacionais, que ficaram em segundo plano.

Mas é de se supor que os integrantes de seu Gabinete estejam se completando, e devem começar a trabalhar já na terça-feira.

O governo de saída, dirigido por François Fillon, deixou o caminho ativo ao apresentar sua renúncia, um ato simbólico que o deixa na condição de interino até que chegue o substituto.

Fillon, de 58 anos, se transformou no primeiro-ministro mais duradouro no cargo atrás de Georges Pompidou. Ele agora aparece como um dos candidatos a dirigir o partido conservador UMP, do presidente de saída, Nicolas Sarkozy. EFE

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