PARIS (Reuters) - Sindicatos franceses convocaram os trabalhadores da Sanofi (EPA:SASY) para entrar em greve a partir de quinta-feira em protesto contra a venda planejada do braço de saúde do consumidor do grupo farmacêutico, aumentando os obstáculos em torno de um negócio estimado em cerca de 16 bilhões de dólares.
"A greve começará às 5h (horário local), quando as pessoas começam seus turnos, e cobrirá toda a França", disse Fabien Mallet, representante da confederação sindical CGT, em entrevista à Reuters nesta quarta-feira, acrescentando que a convocação foi feita em conjunto com a confederação CFDT, as duas maiores entre funcionários da Sanofi.
A Sanofi disse na semana passada que havia entrado em negociações para vender o controle acionário de 50% de seu negócio de saúde do consumidor Opella para a empresa norte-americana de private equity Clayton Dubilier & Rice, um ano depois de sinalizar que estava procurando alternativas para o negócio.
Mas o negócio tem se tornado uma questão política, depois que autoridades levantaram preocupações sobre possíveis perdas de empregos na unidade responsável por produtos que atendem às necessidades de saúde e bem-estar dos consumidores e conhecida por produzir o analgésico Doliprane, popular entre as famílias francesas.
Outros críticos do acordo disseram que a empresa poderia ceder o controle de ativos estratégicos, apesar das promessas feitas pelo governo francês durante a pandemia da Covid-19 de restaurar a autossuficiência no setor de saúde.
O governo francês precisará de garantias de que a produção do Doliprane permanecerá na França para permitir que a venda do ramo de saúde do consumidor da Sanofi vá adiante, disse o ministro da Economia, Antoine Armand, na segunda-feira.
Mais tarde, ele disse que o governo poderia até mesmo assumir uma participação na unidade. "Vou lhe dizer claramente, nada está fora da mesa, nada está excluído", disse ele.
A Sanofi disse em comunicado que "nenhuma das opções em consideração envolve a redução da pegada industrial da Opella na França", acrescentando que o futuro de suas instalações e funcionários no país será fundamental para seu crescimento.
(Por Tassilo Hummel e Dominique Patton)