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Por Guy Faulconbridge e Andrew MacAskill e Daniel Leussink e Leika Kihara
LONDRES/TÓQUIO (Reuters) - Da tigelas de carne em Tóquio ao frango frito em Londres, os consumidores estão começando a sentir o impacto do aumento de custos que se dissemina pela economia global.
A retomada da atividade econômica na esteira das restrições do coronavírus expõe a escassez na cadeia de suprimento, e empresas correm para encontrar empregados, navios e até combustível para impulsionar fábricas, o que ameaça a recuperação.
O maior produtor de frangos do Reino Unido alertou que a farra de 20 anos de comida barata está chegando ao fim e que a inflação dos preços de alimentos pode atingir dois dígitos.
Enquanto emerge do Brexit e da Covid, a quinta maior economia do mundo enfrenta uma escassez aguda de trabalhadores em depósitos, caminhoneiros e açougueiros, o que exacerba as pressões em cadeias de suprimento globais.
"Os dias em que se podia alimentar uma família de quatro com um frango de três libras esterlinas (4 dólares) estão chegando ao fim", disse Ranjit Singh Boparan, proprietário do 2 Sisters Group.
Mesmo no Japão, onde o crescimento fraco não eleva em demasia os valores de muitas coisas há décadas, incluindo os salários, consumidores e negócios estão enfrentando um choque de preços de itens básicos, como café.
O núcleo da inflação ao consumidor japonês só parou de cair em agosto, encerrando um período deflacionário de 12 meses. Economistas e autoridades acreditam que verão os aumentos de preços recentes refletidos em dados oficiais nos próximos meses.
Com banqueiros centrais em todo o mundo em alerta e a inflação na Espanha, Irlanda e Suécia batendo máximas de 13 anos, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, repetiu que não há sinais de que o recente aumento esteja se incorporando aos salários.
"O impacto desses fatores deve sair das taxas anuais de preços ao longo do próximo ano, amortecendo a inflação anual", afirmou.
A inflação da zona do euro deve atingir 4% antes do fim do ano, o dobro da meta do BCE, e um número crescente de economistas veem que os preços permanecerão acima da meta durante 2022.
Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden pediu na quarta-feira que o setor privado ajude a amenizar os entraves na cadeia de oferta que estão ameaçando afetar as comemorações de fim de ano no país.
Biden disse que o porto de Los Angeles se unirá ao porto de Long Beach para ampliar operações 24h para descarregar cerca de 500 mil contêineres, enquanto Walmart, Target e outros grandes varejistas expandirão suas operações noturnas para tentar atender as necessidades de entrega.
Agora que o inverno se aproxima do hemisfério norte, as perspectivas pioram devido à redução no fornecimento de energia. O tempo frio no norte da China fez os preços do carvão se aproximarem de recordes, e usinas de energia estão armazenando combustível para amenizar uma crise energética que insuflou a inflação ao produtor a uma máxima em setembro de pelo menos 25 anos.
A crise energética, causada pela falta de carvão, preços altos dos combustíveis e aumento da demanda industrial pós-pandemia interrompeu a produção em várias fábricas chinesas, incluindo fornecedoras de grandes marcas globais como a Apple (NASDAQ:AAPL).
Há poucos sinais de qualquer alívio nos custos de energia, com os futuros do petróleo tipo Brent acima de 84 dólares o barril nesta quinta-feira, uma vez que as expectativas de que o aumento dos preços do gás natural irá provocar uma mudança para o petróleo para atender às necessidades de aquecimento no inverno impulsionou a demanda.
"Preços mais altos da energia também estão se somando às pressões inflacionárias que, junto com a escassez de energia, podem levar a uma menor atividade industrial e à desaceleração da recuperação econômica", disse a Agência Internacional de Energia (AIE)
(Reportagem adicional de Muyu Xu, Shivani Singh, David Stanway, Noah Browning, James Davey, Liangping Gao, Stella Qiu e Ryan Woo)
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 5047 2984)) REUTERS CMO