Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo federal pretende reduzir o número de voos e, consequentemente o fluxo de passageiros no aeroporto Santos Dumont, para aproximadamente 8,5 milhões de pessoas em 2024, afirmou o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, nesta segunda-feira, em mais uma tentativa do governo para tentar impulsionar o esvaziado Galeão.
Segundo autoridades do Rio de Janeiro, o Galeão, administrado atualmente desde 2014 pela Changi Airports International, sofre com a concorrência do Santos Dumont, terminal localizado na região central da capital fluminense.
No ano passado, o Santos Dumont movimentou cerca de 10 milhões de pessoas, ao passo que por Galeão passaram menos de 6 milhões. O terminal internacional foi concedido em 2013 por 19 bilhões de reais. Obras e investimentos foram feitos no Galeão de olho em Copa do Mundo, Olimpíadas e eventual expansão do turismo e do país, elevando a capacidade do aeroporto para mais de 30 milhões de passageiros anuais.
A redução de voos no Santos Dumont deve começar a partir de agosto desse ano, disse o ministro.
"Vamos reduzir por horário para que vá se encaixando para chegar a 9 milhões e quem sabe 8,5 milhões no ano que vem", disse ele a jornalistas durante evento aeroportuário em Israel.
"Vamos reduzir os voos por uma questão de segurança, de conforto, porque o Santos Dumont está com muita gente", acrescentou.
Segundo o Ministro, o Santos Dumont poderia, sem as mudanças, alcançar esse ano um movimento de 10,5 milhões de pessoas.
Procurada, a estatal Infraero, atual operadora de Santos Dumont, afirmou que o aeroporto em capacidade para processar 15,3 milhões de passageiros por ano e que não foi observada saturação nem qualquer evidência de perda de qualidade do serviço em 2022.
Os governos federal, estadual e municipal vem discutindo soluções e alternativas para o Galeão, cuja concessionária, a Changi, chegou a anunciar que pretendia devolver a concessão, mas depois voltou atrás. Esse movimento da empresa foi parar no Tribunal de Contas da União (TCU), que avalia a sua legalidade. A concessionária chegou a solicitar um reequacionamento da dívida anual de 1,3 bilhão de reais com a União.
A concessão do Galeão vai até 2039. "Se não tiver outra solução, terá que ser relicitado, como foi feito com o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN)", disse o ministro. O aeroporto passou por novo leilão há cerca de uma semana, do qual a Zurich Airport saiu vencedora.