Por Renee Maltezou e John O'Donnell
ATENAS/FRANKFURT (Reuters) - A Grécia vai enviar à zona do euro na quinta-feira um pedido de prorrogação de um "acordo de empréstimo" por até seis meses, mas a Alemanha, que é o principal suporte econômico da União Europeia, diz que tal oferta não foi feita e que o governo grego tem de se ater aos termos de seu atual pacote internacional de resgate.
A medida, confirmada por um porta-voz, é uma tentativa do novo governo grego, de esquerda, liderado pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras, de manter uma tábua de salvação financeira por um período transitório, evitando as difíceis condições de austeridade do programa de resgate da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Uma fonte da UE disse que a aceitação da proposta grega como base para a retomada das negociações pelos ministros das Finanças do bloco monetário de 19 nações, que rejeitaram essas ideias em uma reunião na segunda-feira, dependerá de como ela será formulada.
O ministro das Finanças alemão, o linha-dura Wolfgang Schaeuble, tratou a proposta grega com desprezo, dizendo à emissora ZDF na terça-feira à noite: "Não é questão de prorrogar um programa de crédito, mas se trata de se o programa de resgate será cumprido, sim ou não".
Por outro lado, o ministro da economia alemão, Sigmar Gabriel, líder do partido social democrático, aliado ao conservadorismo da chanceler Angela Merkel, elogiou o que chamou de sinal de que o governo grego estava pronto para negociar.
Com o atual acordo de resgate com a zona do euro vencendo em 28 de fevereiro, Tsipras disse que as negociações estavam em um estágio crucial e que suas demandas por um fim da austeridade estavam ganhando apoio.
"Ocorreram protestos pela Europa apoiando as ações feitas pela Grécia e nós conseguimos criar pela primeira vez, pelos contatos com os líderes estrangeiros, um balanço positivo em relação a nossas exigências", disse em um encontro televisionado com o presidente Karolos Papoulias.
Autoridades da UE disseram que consultas intensivas estavam em curso entre Atenas, o Eurogrupo e a Comissão Europeia, com Itália e França também envolvidas na busca por um acordo.
A Alemanha e outros países da zona do euro estavam firmes na insistência de que não pode haver reversão das reformas já implementadas sob o acordo de resgate e que a Grécia terá que pagar tudo que pegou emprestado, disseram.
As ações europeias em bolsas de valores atingiram as maiores altas em anos nesta quarta-feira por conta do crescente otimismo de que um acordo sobre a dívida da Grécia será alcançado até o fim da semana.
Os rendimentos dos bônus do governo grego caíram com força e os rendimentos dos bônus de Espanha, Portugal e Itália também caíram com a redução dos temores de contágio a outros países periféricos da zona do euro.
Gabriel Sakellaridis, porta-voz do governo grego, disse inicialmente que Atenas iria mandar um pedido formal nesta quarta-feira, mas uma autoridade do governo disse depois que seria enviada na manhã de quinta.
"Nós não vamos recuar em certos pontos que consideramos cruciais. O memorando (do programa de resgate) morreu dia 25 de janeiro", disse Skallaridis para a Antenna TV.
Este foi o dia em que gregos elegeram um governo liderado por Tsipras, do partido de extrema esquerda Syriza, que prometeu acabar com o acordo de 240 bilhões de euros, reverter medidas de austeridade e acabar com a cooperação com a odiada "troika", formada por inspetores da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do FMI.