Por Silvia Aloisi e Mimosa Spencer
PARIS (Reuters) - O grupo francês de luxo Kering (EPA:PRTP) nomeou Sabato De Sarno, designer sênior da Valentino, como o diretor criativo da sua principal marca, Gucci, afirmou a companhia neste sábado.
Na Gucci, De Sarno terá a tarefa de recuperar uma marca que foi responsável por dois terços dos lucros da Kering em 2021, mas que está perdendo embalo nos últimos anos, após muito crescimento entre 2015-19.
De Sarno, 39 anos, começou sua carreira na Prada, em 2005, antes de trabalhar na Dolce & Gabbana e depois chegar à Valentino, em 2009, onde ele teve vários cargos antes der nomeado diretor de moda supervisionando as coleções masculina e feminina, trabalhando perto do designer-chefe, Pierpaolo Piccioli.
Popular no tapete vermelho, Piccioli é conhecido por dar um toque contemporâneo à linha de glamour extravagante da marca italiana, gerando polêmica, por exemplo, com um look rosa da cabeça aos pés para a atriz norte-americana Zendaya.
“Estou orgulhoso por ter chegado a uma casa com história e herança tão extraordinárias, que ao longo dos anos conseguiu acolher e valorizar os valores em que acredito”, disse De Sarno, no comunicado da Kering. “Estou tocado e empolgado para contribuir com minha visão criativa para a marca.”
Ele apresentará sua coleção de passarela de estreia na Gucci na semana de moda de Milão, em setembro de 2023.
O presidente-executivo da Gucci, Marco Bizzarri, disse que, por ter trabalhado com várias das mais renomadas marcas de luxo da Itália, De Sarno “traz com ele uma experiência vasta e relevante”.
A escolha de um designer experiente, mas relativamente desconhecido, com anos de trabalho nos bastidores, está em linha com a escolha anterior do grupo para diretor-criativo, Alessandro Michele, que não tinha muita presença em público quando foi contratado, em 2002.
“Saudamos a decisão da Kering”, disse Luca Solca, analista da Bernstein. “A Gucci - e os acionistas da Kering - precisam de coragem e um ponto de vista original.”
Solca citou que o perfil de De Sarno é reconfortante. “Os olhos do mundo estarão nele para ver se ele também tem o gênio criativo necessário.”
CRESCIMENTO FORTE
A Gucci estava pressionada a escolher alguém rapidamente para um dos maiores cargos da moda, após a saída abrupta de Michele em novembro, conhecido pelos seus estilos extravagantes e de gênero fluído e popular com os cantores Harry Styles e Lady Gaga.
Ele estava no cargo há sete anos, mas saiu após tensões com os principais diretores da Kering, disseram fontes à Reuters.
Ao lado de Bizzarri, ele supervisionou um período de forte crescimento da Gucci, entre 2015 e 2019, com lucros aumentando quase quatro vezes para pouco menos de 10 bilhões de euros e receitas quase triplicando.
Mas nos últimos trimestres, a Gucci começou a ficar atrás de rivais, como Hermes e a principal marca da LVMH, a Louis Vuitton; com seu desempenho na China se tornando uma fonte de preocupação para investidores.
A Kering deve publicar resultados completos do ano em 15 de fevereiro.
Investidores estarão ansiosos para descobrir como o negócio se saiu depois que Pequim suspendeu medidas de isolamento social contra Covid-19 ano passado.
A LVMH e outras empresas disseram que as vendas se recuperaram um pouco, às vésperas do feriado do Ano Novo Lunar da China.