Paris, 11 dez (EFE).- O presidente da França, François Hollande, e a presidente Dilma Rousseff fizeram nesta terça-feira um discurso comum contra as medidas de austeridade aplicadas na Europa e defenderam o investimento e o crescimento.
Dilma, que está em seu primeiro dia de uma viagem oficial de caráter econômico à França, afirmou que "o principal instrumento" para sair da crise é conjugar competitividade, investimentos e medidas em prol de um "crescimento durável".
A entrevista coletiva conjunta oferecida ao término de uma reunião no Palácio do Eliseu serviu para demonstrar essa sintonia entre ambos os governantes, que supera, segundo Hollande, as diferenças óbvias existentes em suas respectivas economias e no tamanho da população dos dois países.
"A seriedade orçamentária não significa austeridade", opinou o presidente francês, ressaltando que nenhum dos dois quer "penalizar a demanda até o ponto de criar austeridade". Hollande afirmou que aposta em uma competitividade que não questiona os direitos sociais nem o nível salarial.
O encontro na sede da presidência francesa, que a recebeu com todas as honras, representa para Dilma o principal momento de uma viagem de dois dias que até o momento já teve como resultado a assinatura de acordos nos setores de educação, economia e até gastronomia.
Foram firmados acordos de cooperação em ajuda de emergência e entre os grupos La Poste e ECT-Correios, quatro declarações de intenções em educação e uma para a criação e desenvolvimento de uma unidade de energia solar. Além disso, foi assinada uma declaração de reconhecimento da região francesa de Champagne como denominação geográfica.
Uma prova da importância dada pelo Brasil à visita, que prosseguirá amanhã em Paris e que na quinta-feira e na sexta-feira segue para Moscou, é a ampla delegação que acompanha a presidente, composta por importantes integrantes do Executivo: o chanceler Antonio Patriota, o ministro da Defesa Celso Amorim; o ministro da Fazenda Guido Mantega; o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel e o ministro da Educação Aloizio Mercadante.
A associação estratégia entre Brasil e França já existe desde 2006. Defesa, aeronáutica, indústria e educação foram algumas das frentes que segundo os dois chefes de Estado constituem esse trabalho conjunto. No entanto, a compra pelo Brasil de 36 aviões de combate franceses continua sem definição.
As aeronaves francesas Rafale, da empresa Dassault, os F-18, da americana Boeing, e os Gripen, da sueca Saab, esperam conseguir concretizar a venda, suspensa temporariamente por questões econômicas e que segundo Dilma "ainda tomará certo tempo", o necessário para que a economia nacional se recupere.
Hollande insistiu na convergência com Dilma, o que já tinha ficado clara no Fórum pelo Progresso Social inaugurado pelos dois na manhã de hoje.
Ambos opinaram na abertura do evento que o crescimento, emprego, preservação do meio ambiente e a luta contra a desigualdade são fundamentais para uma "nova era" de progresso global, na qual, de acordo com Hollande, é essencial solidificar a solidariedade.
"Devemos aproveitar esta situação para aprofundar nossa relação porque acho que compartilhamos uma postura comum que conduz ao sucesso", concluiu Dilma. Amanhã, a presidente participará de reuniões com a patronal francesa e com autoridades do Parlamento. EFE
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