Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A petroleira brasileira HRT prevê investir 75 milhões de dólares em até nove meses no campo de Polvo, na Bacia de Campos, o que inclui gastos em manutenção de equipamentos e na perfuração de dois poços com uma sonda própria, afirmou nesta quarta-feira o diretor financeiro da petroleira, Ricardo Bottas.
A HRT financiará os investimentos com recursos obtidos no mercado, usando o óleo de Polvo como garantia.
"É possível que a gente consiga usar o próprio óleo para financiar esse desenvolvimento do campo de Polvo, é possível financiamento baseado em óleo para pagamento", afirmou Bottas em entrevista.
Em setembro, o presidente da companhia, Milton Franke, havia adiantado à Reuters tal possibilidade.
"O campo de Polvo é autossustentável inclusive no seu desenvolvimento", acrescentou o diretor financeiro, após a reportagem visitar nesta quarta-feira a plataforma que opera no local.
Os investimentos em Polvo, o único ativo que produz petróleo da companhia, devem estender a vida útil do campo em até dois anos, para até 2019, afirmou o executivo.
Em junho, Polvo estava produzindo 10,09 mil barris de óleo/dia.
Os executivos da HRT evitam informar expectativas de aumento da produção de Polvo.
Segundo Bottas, a empresa já foi penalizada antes por dar expectativas ao mercado sem fatores mais concretos.
PERFURAÇÕES
A empresa, segundo Bottas, apenas iniciará as perfurações dos dois poços planejados em Polvo após a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovar a compra de participação de 40 por cento da Maersk no bloco.
Após a conclusão da compra, a HRT terá 100 por cento do ativo. Os valores da transação ainda são guardados em sigilo.
Além disso, a empresa necessita da aprovação de um novo plano de desenvolvimento da área pela ANP --a proposta ainda não foi apresentada. As etapas necessárias, na avaliação do executivo, não vão demorar muito para serem concluídas.
Isso porque a empresa espera para "logo" a aprovação da negociação, e a ANP, segundo Bottas, já vinha cobrando da antiga operadora da área (a BP) um novo plano de desenvolvimento para Polvo, assumido no início do ano pela HRT.
A plataforma fixa de Polvo contém uma sonda de perfuração acoplada, capaz realizar perfuração de poços horizontais que podem chegar até sete quilômetros de distância.
Entretanto, desde quando a BP assumiu o ativo, em 2010, não foi realizada nenhuma perfuração. Por isso, a sonda terá que passar por manutenções que devem custar cerca de 7 milhões de dólares, segundo explicou Franke.
A operadora do campo antes da BP, a Devon, realizou um total de 36 poços, entre 2007 e 2009, sendo 15 poços exploratórios e de extensão e 17 poços de desenvolvimento. Atualmente, há dez poços horizontais em produção e um injetor.
O ativo chegou a produzir um pico de 24 mil barris/dia entre 2008 e 2009, afirmou o gerente de Polvo, Luiz Monteiro.
Toda a produção dos poços é enviada da plataforma para um navio flutuante, que pertence à BW Offshore e tem capacidade de armazenamento de 1 milhão de barris.
CORTE DE GASTOS
Em meio a um processo de redução de custos, em curso há algum tempo, a petroleira vai se mudar para um novo escritório no próximo mês.
Além disso, até o fim do ano, a holding terá um total de 100 funcionários próprios e cerca de 200 terceirizados.
"Vamos ter no máximo 100 pessoas, (o escritório no Rio ocupará) um andar só, em Botafogo, e não mais na Avenida Atlântica, gastando 50 por cento menos", afirmou.
No fim de 2011, quando a HRT tinha quatro sondas em operação no Solimões e estava iniciando a campanha exploratória na Namíbia, a empresa chegou a ter 600 funcionários próprios.
De acordo com o presidente, Milton Franke, os terceirizados, há cerca de três anos, provavelmente somavam 2 mil pessoas.
A HRT busca ainda compradores para cinco helicópteros pesados, usados para o transporte de sondas, avaliados entre 4 e 5 milhões de dólares, cada.
Bottas frisou que a empresa está redimensionada para sua atual operação e, como exemplo, destacou que ele e Franke recebem hoje, em média, 45 por cento menos que os seus antecessores.
A queda do preço do petróleo não afetou a companhia, na média do ano, segundo Bottas. Duas cargas foram realizadas até meados do ano e uma terceira em setembro.
Uma quarta carga ainda não tem data prevista, devido a questões que precisam ser definidas com a saída da Maersk.
POSSÍVEIS AQUISIÇÕES
Bottas reiterou que a empresa busca adquirir novos ativos em produção na Bacia de Campos e que não fará novos investimentos em exploração na Namíbia, África, onde busca parcerias, e na Bacia do Solimões, no Amazonas.
A empresa chegou a gastar 2 bilhões de reais com investimentos em sísmica e perfurações na Namíbia e no Solimões.
"Há muitos ativos à venda", disse Bottas, referindo-se ao interesse da companhia por aquisições.
Segundo ele, a empresa já está em negociações para aquisição, mas ele preferiu não dar quaisquer detalhes.