RIO DE JANEIRO (Reuters) - As mais recentes mudanças no financiamento imobiliário ajudaram a melhorar o humor de potenciais compradores, mas a recuperação do mercado ainda depende do aumento da oferta de crédito, de acordo com levantamento do portal imobiliário VivaReal.
Cerca de 12 por cento dos entrevistados disseram que voltaram a procurar imóveis depois que a Caixa Econômica Federal anunciou, em março, medidas para aquecer o setor, apesar de novo aumento de juros divulgado dias depois.
Em março, o banco ampliou a cota de financiamento para imóveis usados da faixa de 40 a 60 para até 80 por cento do valor do imóvel, com o percentual máximo disponível apenas a funcionários públicos. Na sequência, a Caixa anunciou aumento dos juros imobiliários de 9,9 por cento para 11,22 por cento ao ano para não clientes.
"Esta é uma demanda que estava reprimida e tem impacto no total de demanda absoluta", disse o executivo-chefe de operações do VivaReal, Lucas Vargas. De acordo com a pesquisa, após as mudanças, 63 por cento das pessoas continuaram buscando imóveis da mesma faixa de preço.
Em maio do ano passado, quando a Caixa reduziu de 80 para 50 por cento o teto do valor financiado, 22 por cento dos pesquisados disseram que tinham parado de procurar imóvel. Na pesquisa atual, 13 por cento disseram que desistiram de comprar devido ao cenário de crise.
"O que tem de impacto positivo é a confiança do consumidor que tem algum dinheiro. Não acredito que vai ter um impacto significativo enquanto não foram resolvidos os problemas de crédito", afirmou Vargas.
No entanto, a manutenção do crédito escasso deve manter o mercado em baixa, acrescentou.
As sucessivas quedas no volume de recursos da caderneta de poupança farão com que a principal fonte de recursos para financiamento imobiliário se estabilize num patamar inferior ao atual, segundo a Abecip, entidade que representa o setor.
(Por Juliana Schincariol; Edição de Raquel Stenzel)