Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com uma leve queda nesta quarta-feira e giro financeiro novamente abaixo da média, reflexo de uma certa falta de convicção de agentes financeiros, que aguardam os desfechos das decisões de política monetária nos Estados Unidos e Brasil, além de um deslanche da safra de balanço no Brasil.
A primeira divulgação da temporada de resultados do Ibovespa coube à Weg, que não decepcionou com salto de 50% no lucro do segundo trimestre, além de anúncio de recompra de ações e distribuição de dividendos intermediários, que fez seus papéis dispararem mais de 5%.
Já os números de produção e venda da Vale tiveram uma recepção morna, em pregão ainda marcado pelo declínio dos futuros do minério de ferro na China e manutenção de incertezas relacionadas à recuperação da economia chinesa.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,25%, a 117.552,07 pontos, pressionado particularmente por bancos, tendo recuado a 116.659,55 pontos na mínima e avançado a 118.011,46 pontos na máxima do dia.
O volume financeiro somou 21,7 bilhões de reais, ante média diária de 25,9 bilhões de reais no ano e de 23,8 bilhões de reais no mês até o dia 18. Em junho, o volume médio foi de 29,6 bilhões de reais.
Na visão do especialista de renda variável da Acqua Vero Gustavo Gomes, além de um desempenho modesto de Vale e apesar da alta expressiva de Weg, a performance da bolsa paulista sentiu também o movimento de alta em taxas futuras de juros, que vinham em uma tendência de queda.
Após avançar 13% no acumulado de maio e junho, apoiado, entre outros fatores, no alívio da curva futura de juros com avanço de pautas como o arcabouço fiscal em Brasília e crescimento das apostas de corte da Selic em agosto, o Ibovespa está quase no zero a zero em julho, com uma variação negativa de 0,45%.
De acordo com profissionais do mercado, faltam novos catalisadores para outro rali na bolsa, mas também não há razões claras para vendas, além de eventuais ajustes.
A avaliação, porém, é de que a movimentação no mercado pode mudar com as últimas apostas para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a Selic, no início de agosto, dado que ainda não há consenso sobre o desfecho da reunião. Outro fator que pode servir de catalisador é a safra de resultados das companhias no país.
Antes, contudo, as atenções devem ficar voltadas para a reunião de política monetária do Federal Reserve na próxima semana, em particular sinais sobre os próximos passos, dado que já se espera mais um aumento no encontro do final do mês.
Em Wall Street, o S&P 500 avançou 0,24%, com a temporada de resultados também ocupando as atenções.
Destaques
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) encerrou em queda de 1,06%, a 27,97 reais, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) perdeu 0,36%, a 16,51 reais. BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) cedeu 1,74%.
- WEG ON (BVMF:WEGE3) subiu 5,48%, a 37,91 reais, em dia de divulgação do resultado do segundo trimestre, com lucro líquido de 1,37 bilhão de reais, alta de 50% sobre o desempenho de um ano antes, impulsionada por redução de pressão de custos com matérias-primas como cobre e aço e demanda positiva nas regiões onde atua. A companhia anunciou ainda dividendos intermediários de 609,3 milhões de reais e um programa de recompra de ações.
- VALE ON (BVMF:VALE3) cedeu 0,27%, a 67,24 reais, mesmo após reportar na véspera que a sua produção de minério de ferro subiu 6,3% no segundo trimestre ante um ano antes, para 78,74 milhões de toneladas, enquanto a comercialização avançou apenas 0,9% na mesma comparação, com a companhia se recuperando de restrições no embarque enfrentadas no primeiro trimestre. A negociação das ações tinha como pano de fundo a queda dos futuros do minério de ferro na China.
- GPA (BVMF:PCAR3) ON caiu 4,62%, a 21,46 reais, corrigindo após alta nos ajustes finais do pregão da terça-feira, em meio a uma notícia sobre nova oferta envolvendo sua participação no colombiano Éxito. Após o fechamento da véspera, o GPA confirmou que recebeu uma nova oferta do bilionário colombiano Jaime Gilinski, desta vez por 51% do capital do Éxito pelo valor de 586,5 milhões de dólares. Gilinski havia proposto inicialmente a aquisição de 96,52% do Éxito por 836 milhões de dólares, em oferta que foi rejeitada.
- ALPARGATAS PN (BVMF:ALPA4) recuou 7,66%, a 8,56 reais, mais do que devolvendo a alta acumulada de 6,55% das últimas duas sessões.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) fechou em alta de 0,94%, a 29,1 reais, apesar do recuo dos preços do petróleo. Investidores acompanharam uma série de declarações de executivos da Petrobras, incluindo que os dividendos da companhia no segundo trimestre já devem ser deliberados com base em nova regra, que ainda está em estudo e deverá levar em conta a prática de outras empresas globais do setor. Na B3 (BVMF:B3SA3), entre as petrolíferas, 3R PETROLEUM ON (BVMF:RRRP3) avançou 2,24% e PRIO ON ganhou 2,22%.
(Por Paula Arend Laier)