O Ibovespa sobe na manhã desta quarta-feira, em linha com o exterior, mesmo depois ter disparado 4,29% ontem, fechando aos 106.213,01 pontos. A alta foi motivada após o IPCA desacelerar mais do que o esperado em março, reavivando estimativas de queda da Selic por economistas. A elevação dos índices de ações do exterior, por sua vez, reflete o indicador de inflação CPI dos EUA de março, que ficou com uma elevação aquém da prevista por analistas, levando a leituras de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) pode sinalizar queda dos juros em breve.
A ideia de início da queda da Selic, em meio a perspectivas de encaminhamento do arcabouço fiscal, e a visão de uma postura menos dura do Fed à frente impulsionam o índice Bovespa.
O CPI dos Estados Unidos mais fraco do que o esperado renovou expectativas de um Fed menos agressivo na condução dos juros. O dado subiu 0,1% em março, ante projeção de crescimento de 0,2%. Já o núcleo do indicador teve alta de 0,4% naquele mês, como o previsto. "A leitura é a de fim de ciclo de alta dos juros americanos", avalia a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.
Segundo o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, os dados "quebram um pouco a festa" em relação ao aumento de 0,25 ponto porcentual dos juros norte-americanos. "Mostram que a inflação ainda está forte, alinhado ao payroll dado de emprego", avalia.
"Entendo que os dados ajudam o discurso de que o Fed sobe mais uma vez, na próxima reunião", avalia Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. Em sua avaliação, os dados de inflação dos EUA terão tendência de queda, mas em ritmo lento.
Como reforça Fernando Bento, CEO e sócio da FMB Investimentos, os dados do CPI diminuem o ímpeto, a necessidade de o Fed subir muito mais os juros, mas a ideia de uma alta de 0,25 ponto em maio, diz, ainda continua.
Como destaca Helena, apesar de a atividade ainda não estar reagindo tanto ao efeito do aumento dos juros e o fato de que há incertezas em relação ao setor de bancos, o quadro é de arrefecimento da inflação nos EUA. "Os dados confirmam a tendência de desaceleração, devagar, mas ainda é uma inflação alta", avalia.
Segundo a economista, mesmo com eventual interrupção do aumento dos juros nos EUA em breve e de um possível corte da Selic, o diferencial de juros ainda ficará elevado e há perspectivas positivas de encaminhamento fiscal, o que beneficia o Brasil. "Ajuda o fluxo", diz lembrando que o mercado tem precificado corte da Selic, o que, segundo ela, deve acontecer de forma gradual.
Este sinal positivo, diz Bento, da FMB Investimentos, é bem vindo, pois, "se os juros subirão menos nos Estados Unidos, pode abrir espaço para que os investidores aportem recursos em outros mercados. Isso vai a favor de mercados emergentes, inclusive o Brasil.",
"Acredito que ainda exista um excesso de confiança em relação ao Fed em começar a cortar em breve os juros. Imagino que no melhor dos casos começaria no último trimestre do ano, na virada", completa Cruz, da RB Investimentos.
Às 11h10, o Ibovespa subia 0,85%, aos 107.117,82 pontos, ante máxima diária aos 107.706,82 pontos, em alta de 1,41%. Vale (BVMF:VALE3) cedia 1,03%, enquanto Petrobras (BVMF:PETR4) tinha recuo de 0,04% (PN) e de 0,31% (ON), apesar da elevação das commodities. Já os papéis de bancos reduziam a alta para aquém de 1%, com exceção de Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), que subia cerca de 3%.