SÃO PAULO (Reuters) - A Polícia Federal vai investigar se a onda de fogo que atinge dezenas de cidade no interior de São Paulo desde sexta-feira tem origem criminosa, afirmaram ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo.
Na manhã deste domingo, o governo de São Paulo informou que o Estado tinha mais de 20 cidades com focos ativos de incêndios e que quase 50 municípios estavam em alerta máximo para queimadas.
Milhares de brigadistas foram mobilizados, além de helicópteros do Estado e do governo federal para tentar controlar as chamas que causaram suspensão de atividades, bloqueio de rodovias e interdição de aeroportos.
Até um cargueiro KC 390 da Força Aérea foi mobilizado para ajudar no combate às chamas, mas não pode atuar diante da intensidade da fumaça que atinge o Estado, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a jornalistas em Brasília, que também vive neste domingo um dia tomado pela fumaça de queimadas.
"Temos uma situação atípica. Você tem em praticamente dois dias vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa curva de experiência", disse a ministra.
"Do mesmo jeito que nós tivemos o Dia do Fogo, há uma forte suspeita que agora esteja acontecendo de novo", disse a ministra. Ela se referiu ao episódio ocorrido em 10 de agosto de 2019 no Pará quando fazendeiros no Estado se mobilizaram para atear fogo na Amazônia.
Segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, um inquérito sobre as queimadas em São Paulo já foi aberto e um novo será iniciado até segunda-feira para apurar eventual ação criminosa na devastação ocorrida neste fim de semana no Estado.
"Usamos sistemas de satélites para que a gente consiga, a partir dessas imagens, retroceder no tempo e identificar o ponto inicial desses incêndios e termos mais clareza sobre o que aconteceu", disse Rodrigues ao comentar sobre os instrumentos usados pela PF nas investigações.
Segundo ele, incluindo os dois inquéritos de São Paulo, a PF tem 31 investigações abertas sobre queimadas que atingem também a Amazônia e o Pantanal com intensidade neste ano.
"É um movimento atípico de fato", disse Rodrigues ao lado de Marina ao comentar sobre o fogo em São Paulo.
Por sua vez, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também presente na entrevista, afirmou que "se tem fogo coordenado no mesmo tempo, de forma atípica, deve ter crime e é por isso que a PF vai apurar".
A ministra afirmou ainda que os incêndios não atingem apenas o Brasil e que a Bolívia "está em uma situação de muita penúria", mas que o governo federal não tem condição de ajudar o país vizinho porque "está usando todo o recurso que tem para fazer a abordagem nos lugares onde temos incêndios".
(Por Alberto Alerigi Jr.)