SÃO PAULO (Reuters) - Veja um resumo dos principais filmes que estreiam nos cinemas do país nesta semana:
"COMO NOSSOS PAIS"
- Ganhador de diversos prêmios no mais recente Festival de Gramado (entre eles, melhor filme), o longa de Laís Bodanzky tem ao centro Rosa (Maria Ribeiro), que tenta lidar com as pressões e atribulações da família e sociedade. Mãe de duas filhas pequenas e mulher de um antropólogo (Paulo Vilhena), ela sofre um choque quando sua mãe (Clarisse Abujamra) revela que não é filha biológica daquele que sempre conhecera como seu pai (Jorge Mautner).
A trama nasce da crise de identidade de sua protagonista, que vê abalada uma das poucas certezas a que se apegava na vida, começando a investigar quem ela é e qual seu papel no mundo.
Suas descobertas – de que, por imposição, vivemos uma vida de aparências – podem ser um tanto óbvias, mas as interpretações de Maria e Clarisse transbordam honestidade e lhes garantiram os merecidos prêmios de atriz e atriz coadjuvante no festival gaúcho.
"ATÔMICA"
- “Não confie em ninguém”, diz Lorraine Broughton (Charlize Theron), loira fatal e espiã britânica, a outro espião que deve ajudá-la a encontrar uma lista de agentes infiltrados, às vésperas da queda do muro de Berlim. Esse é um bom conselho também para o espectador diante de cada personagem e cada reviravolta de “Atômica”, que traz de volta o espírito dos filmes de espionagem, mas em ambientação mais suja e violenta do que a das fitas de James Bond.
Não há carros maravilhosos e mulheres deslumbrantes para atrair a atenção. Há Charlize Theron. E ela vai estar em praticamente todas as cenas, envolvida em acidentes e lutas violentas e surpreendentes, tanto que quebrou dois dentes durante as filmagens.
Agente do M16, o serviço secreto britânico, Lorraine é despachada para Berlim, com a missão de pôr as mãos em uma lista de espiões que custou a morte de um colega. Seu contato na Alemanha é David Percival (James McAvoy) que também faz parte da missão, mas não lhe inspira muita confiança. O ano é 1989, o regime comunista na Alemanha Oriental está prestes a desmoronar e a instabilidade política pode por tudo a perder. Baseado na graphic novel “The Coldest City”, de Antony Johnston e Sam Hart, o filme marca a estreia de David Leitch na direção, mais conhecido como dublê de filmes de ação.
"DUPLA EXPLOSIVA"
- Há algo de nostálgico, remanescente das comédias de ação dos anos de 1980, em “Dupla Explosiva”, suspense em que Ryan Reynolds e Samuel L. Jackson precisam unir forças para chegar a um tribunal da ONU e depor para a condenação de um ditador (Gary Oldman).
Jackson é um matador preso, cujo depoimento poderá colocar o ditador atrás das grades. Mas, para isso, precisa ser transportado até a Holanda. Seu inimigo sabe disso e sua cabeça está a prêmio. Reynolds é um guarda-costas amargando a perda de um cliente, cuja vida era sua responsabilidade. Sua chance de reerguer-se na profissão é protegendo o assassino de aluguel até chegar ao tribunal.
Dirigido por Patrick Hughes, o filme tira proveito tanto das situações de ação quanto de humor – contando com o timing da dupla central e de Salma Hayek, a mulher do matador que está presa.
"DAVID LYNCH, A VIDA DE UM ARTISTA"
- Uma das grandes qualidades deste documentário é investigar a conexão entre a vida e a obra do premiado cineasta norte-americano David Lynch sem nunca usar uma para explicar a outra. Um retrato intimista e impressionista dessa figura tão peculiar, o longa joga luz sobre seus filmes e séries ao recontar sua trajetória desde a infância.
Experiências quando criança – como uma estranha mulher nua e ensanguentada que acredita ter visto na rua – irão, aos poucos, formar a mente do pequeno David, que acaba se envolvendo com a arte, mesmo que seu pai quisesse que ele arrumasse um outro tipo de trabalho. Para sorte do cinema, ele não ouviu o conselho.
A entrevista de Lynch, gravada em encontros durante três anos, acontece enquanto ele pinta seus quadros – que não são menos estranhos do que seus filmes –, enquanto relembra o caminho que percorreu até tornar-se o diretor de obras cultuadas, como “Eraserhead”, “Twin Peaks” e “Mulholand Drive”.
"EMOJI – O FILME"
- Talvez, num primeiro momento, no papel, a ideia de fazer um filme estrelado por emojis soasse como algo bem sacado – o resultado, no entanto, está bem distante de qualquer boa intenção que a animação dirigida por Tony Leondis pudesse ter tido. Na melhor das hipóteses, trata-se de uma versão genérica de “Divertida Mente”, sem a sagacidade e o brilho do longa da Pixar.
Gene é um emoji que representa a indiferença, com os cantos de sua boca voltados para baixo. Cada figurinha deve representar apenas um sentimento, mas ele é incapaz de se conter - quando começa a fazer diversas feições, o dono do celular onde mora resolve zerar o aparelho, e isso deverá acabar com sua vida e a de todos seus amigos.
Gene, acompanhado de Bate Aqui e uma hacker, viaja pelos aplicativos, tentando chegar à nuvem e salvar todos. Tal qual seu personagem, o filme é indeciso e não sabe se é contra ou a favor do uso de celular, ou se quer ser uma comédia ou dar uma bela lição às crianças.
(Por Alysson Oliveira e Luiz Vita, do Cineweb)
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