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Indianos vêm fortes para leilão de linhas de energia no Brasil

Publicado 13.11.2017, 17:57
© Reuters.  Indianos vêm fortes para leilão de linhas de energia no Brasil

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - Novas empresas da Índia têm demonstrado forte apetite por disputar o próximo leilão em que o governo oferecerá concessões para a construção de novas linhas de transmissão de eletricidade, agendado para dezembro, disseram à Reuters três fontes com conhecimento direto do assunto e especialistas do mercado.

Os indianos estrearam no país de forma surpreendente em abril, quando a Sterlite Power Grid arrematou dois projetos em uma licitação federal e ainda ofereceu o maior deságio da concorrência, com desconto de quase 60 por cento em relação à receita máxima oferecida para os empreendimentos. Tal movimento atraiu interesse de outras empresas da Índia, que também se preparam para a licitação.

Agora, a Sterlite Power tem avaliado projetos do leilão de dezembro, assim como ao menos mais duas conterrâneas, Adani Transmission e Power Grid Corporation of India Limited, disseram as fontes, que falaram sob a condição de anonimato porque as tratativas são sigilosas.

"Eles vão ter uma atuação bem relevante... eles vêm bem competitivos. Até porque os novos competidores vêm com um pouco mais de apetite, para poder entrar no mercado", disse à Reuters uma fonte que assessora empreendedores no setor de transmissão.

"Essas novas empresas são maiores que a Sterlite na Índia... acho que elas vêm e é por coisa maior", disse uma segunda fonte próxima aos indianos.

Serão oferecidos no leilão 11 lotes de empreendimentos, que demandarão quase 9 bilhões de reais para serem implementados, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Desde a divulgação do certame, tem havido uma significativa movimentação dos indianos para avaliar esses projetos, principalmente os de maior porte, disse uma terceira fonte do setor.

A Sterlite, por exemplo, está de olho no primeiro lote do leilão, o segundo maior em termos de investimento estimado, de 2 bilhões de reais, disse a fonte.

"Eles estão varando dias e noites (estudando o projeto)... acho que eles vão levar o lote 1", disse.

Procuradas pela Reuters, Adani Transmission e Power Grid Corporation of India não responderam a pedidos de comentário.

A Sterlite Power disse, em nota, que "está avaliando profundamente o próximo leilão", uma vez que possui interesse de longo prazo em investimentos no setor de transmissão do Brasil.

"A decisão dos lotes exatos para propostas será tomada no momento do leilão, com base na viabilidade dos projetos, riscos e outros fatores", adicionou a elétrica.

NOVA ONDA

Para especialistas, as boas condições de retorno e o baixo risco envolvido nos negócios de transmissão de eletricidade no Brasil têm atraído muitos investidores, e é normal que a entrada de novos agentes como a Sterlite atraia outras empresas em seus países de origem.

"É uma oportunidade de expansão dentro de um negócio que eles conhecem... um chega lá com a notícia e os outros acabam olhando. Se meu concorrente está indo para lá, por que eu não? Acaba atraindo", explicou o diretor da consultoria Excelência Energética, Erik Rego.

Além disso, há uma aposta de que os indianos provavelmente são guiados pelo mesmo objetivo que trouxe grandes investidores chineses ao setor elétrico do país: a possibilidade de conquistar não só contratos para novos projetos, mas também para fornecimento de equipamentos e serviços.

"Os chineses pegaram muitos projetos justamente para colocar produtos deles no país. Os indianos vão vir da mesma forma, tentando pegar os projetos para colocar equipamentos indianos", disse o presidente da CEL Engenharia, Célio de Oliveira.

Mas os especialistas alertam para riscos particulares do Brasil, principalmente os relacionados a atrasos por dificuldades de licenciamento ambiental.

"A grande dificuldade nossa de implantar projetos no Brasil é o meio ambiente e a questão fundiária... eles não conhecem e às vezes não sabem o tamanho que é esse problema", apontou.

O executivo ressaltou que os novos agentes precisam avaliar bem os riscos para não oferecer descontos exagerados e depois arriscar problemas de rentabilidade nos empreendimentos.

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