Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A atividade econômica brasileira ficou praticamente estagnada em novembro, de acordo com dados do Banco Central divulgados nesta quinta-feira, em um resultado melhor do que o esperado mas que ainda assim sinaliza que a economia encerrou 2014 enfraquecida.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do BC --considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB)-- registrou variação positiva de 0,04 por cento em novembro sobre o mês anterior, segundo números dessazonalizados.
O resultado ainda mostra ligeira recuperação em relação ao resultado mensal de outubro, que também melhorou ao ser revisado para cima pelo BC. Ainda assim, o dado de outubro permaneceu em território negativo, com queda de 0,12 por cento após divulgação anterior de recuo de 0,26 por cento.
Analistas consultados pela Reuters esperavam queda mensal de 0,20 por cento em novembro, de acordo com a mediana de 24 projeções, que foram de recuo de 0,60 por cento a alta de 0,60 por cento.
"(O) resultado do IBC-Br de novembro reforça expectativa de crescimento do PIB próximo à estabilidade no quarto trimestre", afirmou em nota o diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, Octavio de Barros.
O economista-chefe, Jankiel Santos, e o economista sênior, Flávio Serrano, do Espírito Santo Investment Bank seguem praticamente na mesma linha.
"O resultado de hoje ainda indica um resultado muito fraco para o PIB no quarto trimestre. De fato, o efeito de carryover no período é de expansão de 0,1 por cento sobre o trimestre anterior, mas não podemos descartar um número negativo no último trimestre do ano devido aos dados econômicos divulgados até agora", afirmam Santos e Serrano em nota.
No acumulado do ano até novembro, o IBC-Br mostra a economia com leve retração, de 0,12 por cento. Já na comparação com novembro de 2013, o indicador caiu 0,49 por cento, mas em 12 meses tem variação negativa de 0,01 por cento.
Dados recentes vêm mostrando que a economia brasileira não conseguiu pisar no acelerador no final do ano passado, depois de sair, pela margem mínima, da recessão técnica no terceiro trimestre.
A produção industrial brasileira recuou 0,7 por cento em novembro, com desempenho pífio em todas as categorias. No mesmo mês, as vendas no varejo desaceleram sobre outubro, com alta de 0,9 por cento.
A falta de confiança de empresários e consumidores foi o estigma da economia brasileira em 2014, diante do quadro de inflação alta, crescimento baixo e juros elevados.
Segundo pesquisa Focus do BC, economistas projetam que o PIB cresceu 0,11 por cento no ano passado, recuperando pouco neste ano, quando esperam expansão de 0,40 por cento.
O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia: serviços, indústria e agropecuária, assim como os impostos sobre os produtos.