Sydney (Austrália), 9 jul (EFE).- A falta de células imunitárias chamadas macrófagos no sistema reprodutivo feminino pode ser a causa da infertilidade em algumas mulheres, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira na Austrália.
Os macrófagos, presentes em grandes quantidades no útero e no ovário no momento da concepção, encontram um ambiente hormonal saudável no útero, apontou a pesquisa liderada por Sarah Robertson, especialista em medicina reprodutiva da Universidade de Adelaide.
A pesquisa descobriu que um subconjunto de macrófagos, os M2, intervém na construção de uma rede de vasos sanguíneos no corpo lúteo para que este se desenvolva e produza progesterona, o hormônio esteroide necessário para a reprodução.
O estudo sobre a função dos macrófagos na reprodução foi realizado através da eliminação temporária destas células em cobaias, segundo a emissora local "ABC".
Inicialmente, os cientistas esperavam que os macrófagos protegessem os tecidos de infecções ou favorecessem a adaptação imunitária para evitar que o corpo da mãe rejeitasse o embrião que contém material genético masculino.
No entanto, durante os experimentos, a equipe liderada por Robertson descobriu que, ao eliminar os macrófagos nos ratos, estes já não podiam conceber, embora não tenham apresentado nenhuma disfunção imunitária.
"O que achamos foi uma disfunção hormonal", indicou Sarah Robertson ao explicar que os níveis de progesterona, um hormônio que promove a gestação e é produzido pelo corpo lúteo no ovário, era anormal nos ratos de laboratório.
"Sem progesterona não se pode efetuar a implantação", acrescentou a especialista australiana.
Os pesquisadores acharam que a eliminação de macrófagos dava como resultado um corpo lúteo anormal e com hemorragias que impedia a implantação.
Por outro lado, estes ratos voltavam a ser férteis quando recebiam novamente progesterona ou macrófagos.
"Isso mostra que a infertilidade se devia totalmente a uma falha no corpo lúteo pela consequente redução de progesterona", afirmou a pesquisadora australiana.
De acordo com Sarah Robertson, o estudo pode contribuir para desenvolver tratamentos de fertilidade baseados na modificação dos estilos de vida e na dieta para promover a presença dos macrófagos. EFE