Governo avalia garantias financeiras e incentivos fiscais para minerais estratégicos
Por Leticia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A ISA Energia planeja ampliar a atuação em serviços ligados à transição energética, buscando oportunidades de integrar à sua extensa rede de linhas de transmissão soluções tecnológicas inovadoras para melhorar o escoamento de energia pelo país, disseram executivos da companhia nesta quarta-feira.
A aposta é um dos pilares do plano estratégico da transmissora de energia que envolve ainda a ampliação das receitas por meio de novas concessões e da atualização dos equipamentos de suas linhas e subsestações existentes, de acordo com apresentação realizada a investidores e analistas.
A empresa controlada pelo grupo colombiano ISA tem capitaneado a adoção de novas tecnologias na transmissão de energia no Brasil, tendo implementado em 2023 o primeiro projeto do país de baterias em larga escala. Com 30 megawatts (MW) de potência, o sistema de armazenamento serve como um reforço para a rede elétrica nos horários de pico de consumo do litoral sul paulista.
Agora, a transmissora está finalizando um projeto no interior paulista que visa controlar fluxo de potência na rede, evitando que linhas fiquem sobrecarregadas e apresentem problemas.
Com investimento de R$90 milhões autorizado pela agência reguladora Aneel, a tecnologia chamada "FACTS" está sendo aplicada em uma subestação em Ribeirão Preto (SP) para redirecionar os fluxos de energia para linhas mais ociosas, postergando a necessidade de obras convencionais.
"É rentável, é interessante, é um serviço nessa busca de soluções para o mundo mais complexo que estamos", explicou o CEO da ISA Energia, Rui Chammas, nesta quarta-feira.
Tecnologias como esta poderiam ajudar o país a lidar com riscos crescentes na operação do setor elétrico, que vê chances cada vez maiores de apagões decorrentes, por exemplo, de um excesso de geração solar. A geração solar, concentrada em pequenos sistemas não controlados centralizadamente, pode causar distúrbios na rede em momentos de consumo baixo de energia.
Segundo ele, a companhia continuará buscando oportunidades de resolver "problemas reais" do setor elétrico brasileiro.
Com geração intermitente, as fontes solar e eólica vêm exigindo mais flexibilidade do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que por sua vez tem cada vez menos recursos disponíveis para controlar o sistema.
Chammas disse enxergar as baterias como uma necessidade para o sistema brasileiro, e reforçou o interesse da ISA Energia em participar do leilão previsto para a tecnologia em 2026.
"O Brasil vai ter que investir em alguma solução para resolver a rampa de potência (que surge quando acaba a geração solar)... Não vejo nada entrando tão rápido para ajudar quanto as baterias."
Segundo ele, a cadeia de fornecimento de baterias tem capacidade disponível para atender a demanda, enquanto os custos tendem a continuar caindo com a introdução de tecnologias mais eficazes.
NEGÓCIOS TRADICIONAIS
A ISA Energia também está concentrada em investir em reforços e melhorias de sua rede existente, uma alternativa para ampliar as receitas que vem se mostrando rentável, destacam executivos nesta quarta-feira.
Para os próximos cinco anos, a transmissora planeja manter um patamar de cerca de R$1,5 bilhão em investimentos anuais em trocas de equipamentos para modernizar ou aumentar a capacidade dos ativos de transmissão, principalmente na concessão paulista, principal contrato de seu portfólio.
Da base de ativos avaliada em R$32 bilhões, a concessão paulista tem R$17,7 bilhões que estão totalmente depreciados, sem trazer nova rentabilização para a empresa, além de R$7,5 bilhões parcialmente depreciados -- o que abre uma importante janela para investimentos em modernização.
"Em uma visão puramente financista, temos oportunidade de fazer esse investimento para aumentar a rentabilidade da companhia... Não vamos fazer todo esse investimento, muito menos de modo imediato. Mas é uma oportunidade que se dá... no momento em que o Estado (de São Paulo) tem crescimento de demanda ligado a mobilidade elétrica, data centers e crescimento econômico", observou Chammas.
A empresa segue ainda com um plano de R$7,3 bilhões em aportes para concluir os cinco projetos de transmissão de energia de sua carteira que estão em construção e devem entrar em operação até 2029.
Dada a pressão de todos esses investimentos sobre o endividamento, a ISA Energia vai ser ainda mais criteriosa com sua participação em leilões, ainda que essa seja uma via de crescimento importante. "Não temos meta ou obrigação de participar", disse a diretora financeira, Silvia Wada.
(Por Letícia Fucuchima)