Eulàlia Blanchart.
Roma, 26 fev (EFE).- A Itália procura uma saída da delicada situação que se desenha após as eleições gerais, com um Senado sem maiorias claras que deixa o país à porta da ingovernabilidade e que já despertou nesta terça-feira os temores dos mercados financeiros perante a possibilidade que não cumpra seus compromissos europeus.
Os principais líderes políticos italianos fizeram hoje suas avaliações sobre os resultados saídos das urnas, embora nenhum deles tenha dado uma indicação clara do caminho a ser seguido, enquanto a pressão sobre a Itália era sentida novamente com um aumento do prêmio de risco e da forte queda da Bolsa de Milão.
No meio das dúvidas suscitadas pela votação, os meios de comunicação e os analistas perfilaram diferentes cenários possíveis, que vão desde a formação de um Governo de coalizão à convocação de novas eleições, possivelmente após uma reforma do sistema eleitoral que evite situações como a atual.
O certo até agora é que a coalizão de centro-esquerda de Pier Luigi Bersani, a mais votada, obteve a maioria absoluta na Câmara dos Deputados, graças ao sistema de prêmios ao primeiro colocado, e, no Senado, onde essas bonificações são distribuídas região por região, ficou com uma maioria relativa com uma margem muito ajustada sobre a segunda força, a centro-direita de Silvio Berlusconi.
Atrás, em ambas câmaras, ficou o Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo, defensor da antipolítica na Itália, que colheu um resultado extraordinário situando-se como terceira força parlamentar, enquanto o tecnocrata Mario Monti enfrentou um duro revés ficando em quarto com números irrelevantes para alianças estratégicas.
Perante esta incerta situação saída das urnas e as diferenças entre os partidos que fazem com que as alianças no Senado para obter uma maioria se mostrem complicadas, Berlusconi pediu hoje que a política "se sacrifique" para poder governar o país.
"Pelo bem da Itália todos têm que fazer sacrifícios. Não acho que a Itália não possa ser governada", disse "Il Cavaliere", ressaltando que não acredita que a solução passe por novas eleições.
Sobre a possibilidade de aliar-se no Senado com a centro-esquerda para levar adiante algumas reformas como a nova lei eleitoral, Berlusconi se limitou a explicar que agora "todos têm que refletir" e "isto levará tempo".
Por sua parte, Bersani admitiu sua desilusão perante os resultados, mas declarou que assume a responsabilidade que as urnas lhe outorgaram como a coalizão mais votada e anunciou que proporá ao novo Parlamento um plano de Governo com uma série de reformas.
Em referência à possibilidade de alcançar pactos no Senado, indicou que não pretende agora "alinhavar acordos sobre não se sabe o que" e que, quando chegar sua vez, se dirigirão ao Parlamento.
Grillo descartou grandes alianças de Governo e anunciou que o sentido do voto de seu grupo parlamentar na próxima legislatura será estudado caso a caso.
"Veremos lei a lei, reforma a reforma. Também não é que estejamos contra o mundo. Se há propostas que entram dentro de nosso programa, as avaliaremos", afirmou o líder do Movimento 5 Estrelas, que se situou como o partido fora de uma coalizão com mais votos na Câmara dos Deputados. EFE
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