Investing.com - Enquanto o pagamento de dividendos subiu 12% no primeiro trimestre a nível global, os dividendos brasileiros foram contra a tendência, com queda de 12,2%. As informações são da 38ª edição do Janus Henderson Global Dividend Index, relatório publicado pela Janus Henderson, que possui US$310,5 bilhões sob gestão. De acordo com o levantamento, o maior impacto negativo veio da mineradora Vale (BVMF:VALE3), cujo corte de US$ 1,8 bilhão foi o maior do mundo no primeiro trimestre.
A companhia brasileira saiu do ranking das 10 maiores pagadoras de dividendos do mundo, tendo ocupado a oitava posição no primeiro trimestre de 2021 e nona no mesmo período em 2022.
Calculado em dólares americanos, o estudo avalia as tendências de dividendos a nível global, utilizando 2009 como ano de base, que corresponde ao valor de índice 100.
Mineradoras na contramão da alta
A mineração global, que foi motor em 2021, cortou dividendos em cerca de um quinto no primeiro trimestre deste ano, para US$ 16,6 bilhões. Com o recuo nas cotações das commodities a partir de meados do ano passado, a Vale e outras companhias diminuíram os pagamentos aos acionistas.
O Grupo México, outra mineradora da América Latina, também cortou seus dividendos de forma robusta, passando de US$ 0,7 bilhão no primeiro trimestre do ano passado para US$ 0,4 bilhão no mesmo período deste ano.
Mercados emergentes
O Brasil não foi o único emergente a apresentar recuo no indicador. A China apresentou variação negativa de 33,3%, enquanto Malásia teve retração de 35,9% e México de 34,7%. Os outros países analisados foram na direção global. A Índia, por exemplo, conquistou uma alta de 95,1%. O crescimento nominal de dividendos no Catar, por sua vez, foi de 9,7% e, nos Emirados Árabes Unidos, de 7,4%.
Segundo o estudo, além do dividendo especial da Tata, a Oil & Natural Gas Corporation da Índia representou a maior contribuição positiva para a alta dos mercados emergentes no primeiro trimestre, que chegou a 22,7% nos países analisados.
Dividendos globais atingem recorde
A nova edição do Janus Henderson Global Dividend Index mostra que o nível de rendimentos alcançou um novo recorde no período, totalizando US$ 326,7 bilhões, um aumento nominal total de 12%.
Segundo o documento, a natureza altamente sazonal dos dividendos na maior parte do mundo demonstra que o primeiro trimestre foi dominado pelos Estados Unidos, que possui maior uniformidade nos pagamentos ao longo do ano. O crescimento no mercado americano foi de 8,3%.
O estudo ainda mostra reforça a alta dos dividendos do setor de bancos, produtores de petróleo e fabricantes de veículos, que compensam as baixas no setor de mineração, que foram lideradas pela Vale.
A expectativa da Janus Henderson é de que os pagamentos das principais empresas do mundo em 2023 atinjam US$ 1,64 trilhão.