PEQUIM (Reuters) - A China pode conversar com Taiwan contanto que isso ajude a fomentar o desenvolvimento pacífico e a "reunificação", disse Pequim nesta quarta-feira, depois que o principal partido de oposição da ilha disse que poderia assinar um tratado de paz se vencer uma eleição presidencial no ano que vem.
A China reivindica Taiwan como parte de seu território e prometeu submeter a ilha, que considera um território sagrado, ao controle chinês – se necessário à força.
Embora a China não tenha abordado a ideia de um acordo de paz em anos, Wu Den-yih, presidente do Kuomintang, que simpatiza com Pequim, disse no início deste mês que o partido poderia assinar um acordo de paz com a China se vencesse a eleição, que deve ser altamente disputada.
A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, do pró-independência Partido Democrático Progressista (DPP), disse que a ilha não aceitará nenhum pacto que destrua sua soberania e sua democracia.
O Escritório de Assuntos de Taiwan, órgão chinês de formulação de políticas, emitiu a primeira resposta oficial do governo à proposta de paz do Kuomintang dizendo que tudo que beneficie os interesses dos povos dos dois lados do Estreito de Taiwan deveria ser promovido.
"Contanto que isso beneficie a proteção da paz no Estreito de Taiwan e fortaleça o desenvolvimento pacífico das relações, e instigue o processo pacífico de reunificação à pátria-mãe, pode ser investigado conjuntamente pelos dois lados", disse o porta-voz An Fengshan em um comunicado de rotina à imprensa.
Ele não mencionou diretamente a ideia de um acordo de paz em sua resposta. A China não toca no assunto desde 2009, quando o então premiê Wen Jiabao o abordou inesperadamente em seu discurso de abertura da reunião anual do Parlamento.
A China traduz a palavra "tong yi" como "reunificação", mas ela também pode ser traduzida como "unificação", termo preferido pelos apoiadores da independência taiwanesa que observam que o governo comunista de Pequim jamais governou Taiwan, e que por isso ela não pode ser "reunificada".
An disse que o DPP está tentando podar o desejo de paz do povo de Taiwan no estreito, o que só prejudicará os interesses deste povo e "arruinará as perspectivas e o futuro de Taiwan".
A sigla de Tsai sofreu derrotas duras para o Kuomintang nas eleições locais e municipais de novembro.
Tsai, que afirma querer manter o status quo, disse que a China precisa usar meios pacíficos para resolver suas diferenças com Taiwan e respeitar os valores democráticos de Taipei.
(Por Ben Blanchard e Gao Liangping)