Por José Roberto Gomes
SUMARÉ, São Paulo (Reuters) - A safra de cana 2018/19 no centro-sul do Brasil, que se inicia no próximo mês, será "certamente" menor ante a atual (2017/18), dados o envelhecimento e o desenvolvimento não pleno das plantações, disse nesta quarta-feira o sócio-diretor da consultoria Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho.
A temporada vigente deverá registrar processamento de 585 milhões de toneladas de matéria-prima na principal região produtora do maior player global do setor sucroenergético.
Para Corrêa Carvalho, também presidente da Associação Brasileira do Agronegócios (Abag), esse volume dificilmente será superado ou ao menos repetido no próximo ciclo, em uma avaliação que contrasta com a estabilidade prevista em uma recente pesquisa da Reuters.
"O canavial está atrasado, ainda está se formando, por isso a produtividade tem sido baixa para quem já começou a moer. E o plantio foi pequeno, tem sido de 12 por cento, ante os 18 por cento que consideramos ideais", explicou ele a jornalistas no intervalo de evento em Sumaré (SP) para inauguração de uma fábrica de fertilizantes.
Segundo ele, a renovação inadequada dos canaviais, reflexo das dificuldades financeiras pelas quais ainda passa o setor, tem levado a um envelhecimento contínuo das plantas, acarretando em perda de produtividade.
Já o "atraso" é resultado de uma estiagem entre setembro e outubro do ano passado, que retardou o desenvolvimento da cana no campo, explicou Corrêa Carvalho, acrescentando que o quão menor a safra será neste ano dependerá do desenrolar climático nos próximos meses.
A Canaplan soltará sua primeira estimativa para o ciclo de cana 2018/19 em abril. Corrêa Carvalho salientou que a safra deverá ser fortemente alcooleira, dada a atratividade do etanol, mais rentável, e os preços deprimidos do açúcar.
Mais cedo, a consultoria Datagro revisou seus números para a próxima safra, dizendo que a moagem em 2018/19, estimada em 577 milhões de toneladas, será a menor em cinco anos.