Os juros futuros fecharam a sessão regular em queda, reagindo à baixa nos preços das commodities, principalmente do petróleo. Com o barril do Brent voltando a ser negociado abaixo de US$ 100, a leitura é de que a pressão para novos repasses da Petrobras (SA:PETR4) para os combustíveis diminui, podendo dar algum alívio nas expectativas de inflação e reduzindo o risco de paralisação dos caminhoneiros e de soluções fiscais heterodoxas para os preços. A probabilidade de aumento de 1 ponto porcentual na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) da quarta-feira voltou a ser majoritária na curva, enquanto a projeção de taxa para o fim do ciclo também refluiu.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 13,12%, de 13,288% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2024 encerrou em 12,93% (mínima), de 13,216%. O DI para janeiro de 2025 também fechou na mínima, de 12,43%, ante 12,683% na véspera. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,25%, de 12,502%.
Os preços do petróleo caíram mais de 6%, em meio à expectativa de um saída negociada para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e o aumento de casos de Covid na China provocando aperto nas medidas de isolamento social. Parte das matérias-primas agrícolas e metálicas também cederam, como o minério, que caiu mais de 5%.
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Cássio Andrade Xavier, gestor de renda fixa da Sicredi Asset, lembra que, desde que a guerra começou, a variação das commodities é praticamente o que tem comandado os movimentos da curva, pelos potenciais impactos nos preços de alimentos e energia. Na semana passada, saíram ainda o IPCA de fevereiro - muito ruim -, reajuste da Petrobras e ameaça de greve dos caminhoneiros, numa espécie de combo do mal que agora pode se desfazer se houver normalização das commodities. "O ponto dominante parece ser a China, tanto pela questão do lockdown quanto pela guerra", disse Xavier, lembrando que os Estados Unidos alertaram o país asiático sobre as consequências de um apoio militar à Rússia.
Na quarta, o Copom decide sobre a Selic, e a chance de aumento de 1 ponto porcentual, o que levaria a taxa a 11,75%, voltou a ganhar terreno e ser majoritária na precificação da curva. Segundo cálculos da Greenbay Investimentos, a probabilidade, que na segunda-feira era de 55%, nesta terça-feira avançou para 75%, enquanto a chance de alta de 1,25 ponto passou de 45% para 25%. Para o fim do ciclo, a curva aponta Selic entre 13,75% e 14,00%, do intervalo na segunda entre 14,00% e 14,25%.
Nos Departamentos Econômicos, as expectativas para a Selic terminal são menos agressivas do que nas mesas de operação, ainda que os economistas sigam revisando para cima suas projeções. Nesta terça, o Citi elevou sua estimativa, de 12,75% para 13,25%, enquanto a Terra Investimentos ajustou seu número para 12,75%, de 12,5%.