Os juros futuros fecharam a quinta-feira, 24, em queda, com aumento do apetite ao risco no exterior e o leilão de títulos do Tesouro, que, em termos de risco, foi menor do que os anteriores, com concentração de volume em papéis curtos. Também reagiram à mensagem do Banco Central via Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e entrevistas dos representantes da autoridade monetária, de otimismo sobre a evolução da atividade e tranquilidade sobre a inflação e, ao mesmo tempo, que estão atentos aos riscos fiscais.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 2,83%, de 2,973% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 4,455% para 4,25%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,21%, de 6,434% ontem. A do DI para janeiro de 2027 passou de 7,404% para 7,19%.
No fim dos negócios, as taxas mais do que devolviam o avanço de ontem, encerrando nos patamares mais baixos em uma semana. O alívio começou logo cedo com os eventos internos e na segunda etapa o exterior foi determinante para acelerar o fechamento da curva, especialmente após a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, afirmar que as conversas entre os democratas e a Casa Branca em torno de um novo pacote de estímulos serão retomadas em breve. O dólar, que pela manhã chegou a tocar os R$ 5,62, renovou mínimas abaixo de R$ 5,50 à tarde.
Em termos de risco, o DV01 do leilão de prefixados hoje ficou em US$ 533 milhões, ante cerca de US$ 548 milhões na semana passada, segundo a CM Capital Markets.
A agenda do dia também teve papel importante para a trajetória da curva nesta quinta-feira. "O RTI com boxes técnicos e a visão sobre o cenário a partir das entrevistas, com o BC tentando passar para o mercado que esta tranquilo com riscos de curto prazo e que não deve subir juros tão cedo, ajudaram bastante", disse o diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset, Rogério Braga.
O RTI trouxe revisão para cima na estimativa de PIB em 2020 (-6,4% para -5,0%) e projeção de alta de 3,4% em 2021. Para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o crescimento do Brasil está bastante acima da média de emergentes, tanto em 2020 como nas expectativas para o próximo ano. Sobre a inflação, avaliou que autoridade monetária tem posição de "absoluta tranquilidade" e disse não acreditar que a alta nos preços de alimentos neste ano possa impactar a inflação em 2021.
Ainda, destacou que os juros altos na parte longa da curva denotam prêmio fiscal com uma preocupação em relação à política de saída dos estímulos dados durante a pandemia. "Não é um fenômeno de expectativas de inflação", explicou. Reforçou também que a autoridade monetária não está disposta a correr riscos inflacionários oriundos dos riscos fiscais. Ele lembrou que a manutenção do atual regime fiscal é um dos condicionantes do "forward guidance" do BC.