Juros futuros cedem após fala de Lula, mas falta de medidas fiscais concretas reduz ímpeto

Publicado 03.06.2025, 16:59
Atualizado 03.06.2025, 17:00
© Reuters. Notas de 200 reaisn02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs recuaram nesta terça-feira após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçar que o governo vai rediscutir com o Congresso o aumento do IOF e apresentar propostas estruturais para a área fiscal, mas a falta de medidas concretas fez algumas taxas curtas virarem para o positivo e as longas reduzirem as perdas à tarde.

A desaceleração da queda ocorreu durante entrevista coletiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e dos presidentes da Câmara e do Senado, após reunião com Lula.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 estava em 14,815%, ante o ajuste de 14,789% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2027 marcava 14,205%, em alta de 4 pontos-base ante o ajuste de 14,134%.

Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,81%, ante 13,836% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,85%, em baixa de 4 pontos-base ante 13,887%.

Pela manhã as taxas futuras sustentavam alguns ganhos no Brasil, em um cenário de pouca oscilação dos rendimentos dos Treasuries, com investidores atentos às notícias sobre a disputa tarifária entre EUA e seus parceiros comerciais.

Pouco antes das 11h, no entanto, Lula iniciou uma entrevista coletiva a jornalistas em Brasília, e seus comentários sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) desinflaram a curva a termo no Brasil. Segundo ele, Haddad não teve problemas em rediscutir o decreto que elevou as alíquotas do imposto e novas propostas estão sendo negociadas.

O governo anunciou em 22 de maio as elevações do IOF em uma série de operações de câmbio, crédito e previdência privada, para cumprir sua meta fiscal. As medidas geraram forte reação política e foram parcialmente revertidas, mas as que permaneceram em vigor ainda enfrentam resistência.

"A apresentação do IOF foi o que eles pensaram naquele instante. Aí se aparece alguém com ideia melhor e ele (Haddad) topa discutir, vamos discutir", disse Lula.

Em reação, após atingir a máxima de 13,94% (+5 pontos-base ante o ajuste) às 10h57, quando Lula deu início a uma entrevista coletiva, a taxa do DI para janeiro de 2033 despencou, marcando a mínima de 13,75% (-14 pontos-base) às 15h17, pouco antes de Haddad e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), falarem à imprensa.

Haddad afirmou que as medidas fiscais estruturais em discussão pelo governo não serão anunciadas antes de uma reunião com lideranças partidárias do Congresso Nacional. Segundo ele, deve haver uma reunião já no próximo domingo com os líderes, e a partir da semana que vem o governo vai encaminhar as propostas.

Ao mesmo tempo, Haddad disse que o governo precisa de avanços em pelo menos parte das medidas fiscais a serem propostas para que o decreto que elevou o IOF possa ser revisto.

Aos jornalistas, tanto Motta quanto Alcolumbre disseram que o objetivo é, de fato, discutir medidas fiscais estruturantes.

Sem o anúncio de medidas concretas por parte de Haddad e dos parlamentares e sem a garantia de que o decreto do IOF será totalmente revogado, as taxas dos DIs reduziram as baixas. Em alguns vértices, como o janeiro de 2027, elas migraram para o território positivo.

O saldo do dia foi de desinclinação da curva a termo, com leve alta na ponta curta e leve baixa na longa.

Perto do fechamento desta terça-feira a curva precificava 84% de probabilidade de manutenção da taxa Selic este mês, contra 16% de chance de elevação de 25 pontos-base. Na segunda-feira os percentuais eram de 88% e 12%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 14,75% ao ano.

No mercado de opções de Copom da B3 (BVMF:B3SA3), a precificação na segunda-feira -- atualização mais recente -- era de 63,50% de probabilidade de manutenção da Selic em junho, 34,00% de chances de alta de 25 pontos-base e 1,50% de possibilidade de elevação de 50 pontos-base.

No exterior, às 16h41, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- tinha estabilidade, a 4,462%.

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