Os juros futuros de médio e longo prazo subiram, recompondo parte dos prêmios devolvidos nas últimas sessões, enquanto a ponta curta fechou estável. Após dias consecutivos de forte alívio, a abertura da curva americana e o avanço do dólar serviram de pretexto para um ajuste, num dia de agenda pesada, mas sem surpresa. A ata do Copom endossou a mensagem do comunicado de que a intenção do Copom é não subir mais a Selic e a deflação histórica do IPCA de julho ligeiramente acima da esperada não gerou reação.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,72%, de 13,746% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,918% para 12,96%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 11,91%, de 11,852% ontem, e o DI para janeiro de 2027, com taxa de 11,775% (máxima), de 11,658%.
Eduardo Velho, economista-chefe e sócio da JF Trust, atribui a alta a partir do trecho intermediário à recomposição dos yields das Treasuries, enquanto a falta de surpresa com a ata ancorou a ponta curta. "O Bacen não surpreendeu ante o comunicado, reiterando que o horizonte relevante do juros será o IPCA do 1º trimestre de 2024, reforçando a probabilidade demanutenção prolongada da Selic em 13,75% (ou no máximo 14%)", disse.
O economista Eduardo Vilarim, do Banco Original, também chama a atenção na ata para o destaque à inflação acumulada em 12 meses no primeiro trimestre de 2024. "Isso nos traz a sensação de que o Banco Central está alongando a decisão para 2024, onde há um maior acúmulo de juros e, diante do aspecto de dissipação dos efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias, suas expectativas de inflação se encontram dentro da meta", afirma o economista, para quem o colegiado optará por findar o ciclo de alta da Selic em 13,75%, mantendo o juro nominal neste patamar por pelo menos 1 ano ou "suficientemente prolongado".
Como no comunicado, a ata diz que o Copom "avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude", do que o deste mês em sua próxima reunião, em setembro. Segundo a sinalização do BC, a Selic poderia ser mantida em 13,75% ou subir a 14,00% no encontro do mês que vem.
Desse modo, na curva de juros, as apostas para manutenção da Selic no Copom de setembro são levemente majoritárias em relação às de aumento de 25 pontos-base, mas já há expectativas de cortes a partir do primeiro trimestre de 2023.
Além da ata, o IPCA de julho dividiu as atenções do mercado, mas a deflação mensal histórica de 0,68% - a mais intensa desde o início da série em 1980 - não foi suficiente para puxar as taxas para baixo, mesmo com leitura positiva dos preços de abertura. O cenário favorável para a inflação já vinha sendo antecipado nos últimos dias e, ademais, o mercado trata o quadro da inflação como artificial, dado que a queda dos preços é puxada por medidas temporárias de desoneração tributária.
Lá fora, os rendimentos dos Treasuries subiram, com o mercado já à espera do CPI do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) americano de julho, amanhã.