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Juros: Taxas ficam de lado, com mercado ponderando petróleo, Treasuries e falas de Haddad

Publicado 03.04.2023, 15:22
Atualizado 03.04.2023, 19:27
Juros: Taxas ficam de lado, com mercado ponderando petróleo, Treasuries e falas de Haddad
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Os juros fecharam a segunda-feira de lado, numa sessão de liquidez mais enxuta. Após a escalada do petróleo trazer desconforto pela manhã, à tarde houve alívio nos prêmios de risco tanto pela virada dos retornos dos Treasuries para baixo quanto pela leitura entre neutra e positiva da entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à GloboNews. Além de tratar do arcabouço fiscal, o ministro abordou a questão dos debates sobre as metas, das trocas na diretoria do Banco Central (BC) e da condução da política monetária. As taxas chegaram a ensaiar um movimento mais firme de queda, mas que perdeu força no fechamento.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,22%, de 13,19% no ajuste de sexta-feira e a do DI para janeiro de 2025 passou de 12,01% para 11,97%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 12,06%, de 12,07%, e a do DI para janeiro de 2029 ficou em 12,48%, de 12,51%.

Os mercados amanheceram repercutindo a notícia de que a Opep+ decidiu reduzir a oferta de petróleo, mais tarde oficializada em 1,6 milhão de barris por dia, a partir de maio até o fim do ano para estancar a queda dos preços. Houve estresse nos ativos, dados os receios de que o risco inflacionário subisse a ponto de tornar a política monetária dos bancos centrais ainda mais hawkish. Os preços do petróleo dispararam 6%. A aposta de alta de juros pelo Federal Reserve em maio chegou a ser majoritária. Nesse contexto, os yields dos Treasuries subiam, carregando junto a curva local.

Porém, dados de atividade nos Estados Unidos abaixo do esperado no fim da manhã levaram as taxas das T-Notes a inverter o sinal para baixo, tornando também mais equilibradas as apostas para a próxima reunião do Fed. Com isso, a alta das taxas na B3 (BVMF:B3SA3) começou a perder fôlego até inverter para a queda, coincidindo com a entrevista do ministro. Nas mesas, a avaliação é de que as declarações ajudaram a diminuir um pouco os ruídos, embora persista a desconfiança de que o governo vá conseguir entregar as metas de primário estabelecidas no novo marco e melhorar a trajetória da dívida/PIB sem aumentar impostos.

Haddad voltou a negar tal ideia e reforçou que a receita será encorpada pela correção de distorções, combate à sonegação e enfrentamento de reveses tributários que o governo tem sofrido na Justiça. O ministro falou ainda que, se o arcabouço for aprovado com a credibilidade necessária, o BC terá de reagir em algum momento. "Não faz sentido manter a taxa de juros perto de 14,0%", disse. Ao mesmo tempo, disse que é preciso estar pilotando o BC para fazer palpites. Ele ponderou, no entanto, que economistas renomados avaliam que, com quase 8% de juro real ou 6,5%, a depender do cálculo, há espaço para corte.

Os agentes viram como positiva especialmente a afirmação dele de que nunca discutiu sobre mudança na meta de inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O ministro disse que, na sua avaliação, o "cronograma ideal" era resolver primeiro a questão da política fiscal. Sobre as diretorias do BC que estão para ser preenchidas, afirmou ter levado ao presidente Lula cinco sugestões de nomes, mas negou que o chefe do Executivo tenha batido o martelo sobre os escolhidos.

Haddad tem reunião nesta tarde com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, para tratar do arcabouço e "outros assuntos", classificada por ele como "dever de ofício". Afirmou que, apesar das visões distintas sobre a realidade econômica, no campo pessoal não tem problemas com o presidente da autarquia e que ambos sabem de suas obrigações institucionais.

As taxas chegaram a se firmar em queda durante a entrevista, mas num movimento com pouca sustentação. Para a economista Ariane Benedito, da Esh Capital, o alívio não teve caráter perene porque o mercado segue cético sobre a capacidade de geração de receitas a partir da estratégia da Fazenda. "A gestão das receitas segue em aberto. A tentativa de taxação de setores que hoje não pagam impostos é válida, mas a questão é como fazer isso. São muitas vertentes a se arrumar e etapas políticas a se cumprir. Talvez não dê tempo de surtir efeito. Este ano já sabemos que não tem como", afirmou.

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