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Juros: Taxas ficam de lado em meio a realização de lucros e fala 'dovish' de Campos Neto

Publicado 13.06.2023, 05:40
© Reuters Juros: Taxas ficam de lado em meio a realização de lucros e fala 'dovish' de Campos Neto

Os juros futuros fecharam de lado, com viés de queda nos trechos curto e intermediário e de alta no longo, em sessão marcada pela volatilidade. Pela manhã, as taxas buscaram esticar o movimento de baixa que marcou última semana, amparada na queda das estimativas de IPCA na pesquisa Focus e em dados benignos da inflação. À tarde, ensaiaram uma realização de lucros, estimulada pela cautela antes da divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) de maio nos Estados Unidos, que sai amanhã, véspera da decisão do Federal Reserve, além do avanço do rendimento dos Treasuries. Mas voltaram a zerar a alta até o miolo da curva, retomando o viés de baixa após declarações "dovish" do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, lidas como um sinal de que a autoridade monetária prepara o terreno para flexibilizar a política monetária.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,99%, menor desde 17/3/2023 (12,97%), de 13,02% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,07% para 11,05%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,53% (10,50% no ajuste) e a do DI para janeiro de 2029 fechou em 10,90%, de 10,84%.

Depois de encerrar a última semana devolvendo entre 20 e 40 pontos-base em prêmios, o mercado até tentou realizar parte dos ganhos nesta segunda-feira, mas esbarrou em alguns vetores que inibiram um movimento firme.

Pela manhã, estimulou um viés de baixa na curva o recuo das medianas de inflação no Boletim Focus, especialmente as de 2025 (4,00% para 3,90%) e 2026 (4,00% para 3,88%), as mais resistentes em cair, o que foi por um bom tempo motivo de alerta por parte do Banco Central para justificar uma postura mais cautelosa na condução da Selic.

À tarde, as declarações de Campos Neto, em evento do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), formaram outra barreira para um ajuste em alta das taxas, por mais que o mercado já viesse aumentando as apostas no corte da Selic e numa taxa terminal mais baixa.

Além de destacar a evolução das expectativas futuras e a queda da inflação corrente, lembrando em que junho o IPCA deve ser negativo, ele ressaltou o alívio da curva de juros com a melhora do quadro fiscal. "O mercado de juro futuro caiu mais de 3% desde que o arcabouço fiscal foi anunciado. Com isso a expectativa de inflação começou a cair, abrindo um ambiente para trabalharmos com um juro mais baixo em algum momento à frente", apontou, acrescentando que "a expectativa do mercado sobre os juros está indo na direção correta."

Nas mesas de renda fixa, a percepção é de que Campos Neto emitiu um sinal claro de que a ideia é ajustar a comunicação no Copom de junho para, na sequência, em agosto, inaugurar o ciclo de distensão monetária. A dúvida é justamente saber se o processo começará com 25 ou 50 pontos-base, aposta esta que passou a ser precificada desde o fim da semana passada. O sócio-gestor e economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, diz não ver o BC iniciando a queda da Selic com 50 pontos. "A sazonalidade deve beneficiar uma inflação média mais próxima da estabilidade entre junho e agosto. Por outro lado, o déficit fiscal primário deve superar 0,5% do PIB em 2023, pois diversas ações administrativas do governo, em particular de corte de subsídios e incentivos, serão de difícil adoção", justifica.

Na curva, porém, estão precificados 27 pontos-base de corte em agosto, ou seja 10% de chance de redução de 50 pontos e 90% de probabilidade de que seja de 25 pontos. Para o fim de 2023, a curva projeta taxa entre 11,75% e 12,00% e para dezembro de 2024, 9,25%.

Juntamente com as medianas do Boletim Focus, índices de inflação que saíram pela manhã ajudaram a limitar a correção da curva. A primeira prévia do IGP-M de junho aprofundou a queda a 1,95%, de 1,13% em igual medição de maio. Já o IPC-S da primeira quadrissemana de junho trouxe inflação zero, após subir 0,08% no fechamento de maio.

À tarde, as taxas chegaram a virar para cima, na esteira da cautela estimulado pela cautela antes do dado da inflação nos EUA amanhã e das decisões de política monetária do Federal Reserve, do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco do Japão. Além disso, os juros dos Treasuries subiram, o que acaba sendo uma referência para a curva aqui.

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