Os juros futuros caíram, induzidos por fatores internos e externos que esticaram a correção das taxas vista ontem. O ambiente internacional contribuiu via queda dos preços das commodities, curva dos Treasuries bem comportada e redução de juros pela China. Por aqui, declarações do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, reiterando o compromisso com a pauta econômica foram bem recebidas, viabilizando também o alívio nos prêmios de risco.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 9,985%, de 10,015% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026, em 9,80% (de 9,85% ontem). O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa em 9,96%, de 10,01%, e a do DI para janeiro de 2029 caiu de 10,42% para 10,36%.
O mercado de juros teve a liquidez hoje normalizada pela retomada dos negócios em Wall Street, ontem fechados por causa do feriado do Dia de Washington. As taxa recuaram ao longo de toda a sessão, inicialmente repercutindo a decisão do Banco do Povo da China (PBoC) de reduzir os juros de referência para empréstimos de 5 anos de 4,2% para 3,95% ao ano, o maior corte nesta taxa desde 2019. A avaliação é de que a medida deve ter efeito mais sobre o mercado imobiliário e menos sobre a economia em geral, mas ainda assim agradou aos investidores.
"É bom ter claro que essa taxa vale apenas para os novos empréstimos e só se aplicará para o estoque existente de financiamentos em janeiro de 2025. De qualquer forma, não deixa de ser uma boa notícia, e as autoridades já manifestaram que as taxas para empréstimos ainda têm espaço para quedas adicionais", afirma Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Wealth Management.
Além dos juros mais baixos na China, o mercado de Treasuries voltou com yields em queda moderada e o petróleo cedeu, o que é boa notícia para a perspectiva inflacionária doméstica. O presidente da Petrobras (BVMF:PETR4), Jean Paul Prates, afastou hoje a necessidade de aumentar o preço dos combustíveis no curto prazo, apesar da alta da commodity nos últimos dias.
A economista-chefe da CM Capital Markets, Carla Argenta, destaca ainda a influência positiva sobre as taxas da fala do ministro Padilha. "Esse discurso vindo da esfera política reforça a ideia de compromisso com a agenda fiscal, que pode tirar ainda mais pressão da curva de juros", disse.
Padilha, após a reunião com o presidente Lula, ministros e representantes no Congresso, disse que a prioridade neste ano é consolidar o "equilíbrio econômico". Afirmou ainda que o governo está aberto a negociar a desoneração da folha de pagamentos e que ainda não foi descartado o envio de um projeto de lei sobre o assunto para substituir a Medida Provisória (MP) já editada.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Lula também conversariam nesta tarde para afinar as prioridades do governo no Congresso, com a MP que prevê a reoneração da folha, que enfrenta resistências por parte de parlamentares, na pauta da reunião.