Por Sruthi Ramakrishnan e Anjali Athavaley
(Reuters) - A norte-americana Heinz, controlada pelo grupo brasileiro 3G Capital e pela norte-americana Berkshire Hathaway, anunciou nesta quarta-feira a compra de participação majoritária na Kraft Foods, em uma operação que criará a terceira maior companhia de alimentos dos Estados Unidos.
O anúncio da aquisição fazia as ações da Kraft disparar 35 por cento e o acordo dará à Heinz acesso às marcas da Kraft que estão presentes em 98 por cento dos lares norte-americanos e que poderão ser distribuídas internacionalmente por meio da Heinz.
A transação marca a quinta maior aquisição da 3G Capital na indústria de alimentos e bebidas desde 2008, quando o grupo arquitetou a compra da cervejaria norte-americana Anheuser-Busch pela InBev. A 3G Capital é uma companhia de investimento criada pelos bilionários brasileiros Jorge Paulo Lehman, o homem mais rico do Brasil; Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.
A 3G, que comprou a Heinz em 2013 por 23,2 bilhões de dólares, também controla a Restaurant Brands International, formada quando a rede de fast food Burguer King comprou a rede canadense de cafeterias Tim Hortons.
Apesar da Heinz ter uma grande operação no Brasil, tendo comprado a brasileira Coinexpress, dona da marca Quero, em 2011, o acordo não envolve a Mondelez, que substituiu a marca Kraft no Brasil depois da separação do grupo norte-americano em 2012.
A nova empresa a ser criada com a combinação de Heinz e Kraft será comandada pelo atual presidente-executivo da Heinz, o brasileiro Bernardo Hees, que antes de entrar na companhia norte-americana foi presidente da transportadora ferroviária ALL.
Enquanto isso, o também brasileiro Alexandre Behring, atual presidente do Conselho da Heinz e sócio fundador da 3G Capital, vai tornar-se presidente do Conselho da companhia combinada. Behring já foi membro de Conselhos de empresas como B2W e GP Investments. O presidente-executivo da Kraft, John Cahill, será o vice-presidente do Conselho da nova empresa.
O novo grupo de alimentos terá receita de cerca de 28 bilhões de dólares, menos da metade da receita da líder de mercado Pepsico em 2014, e oito marcas avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares cada. A união das empresas vai permitir uma economia annual de 1,5 bilhão de dólares até o final de 2017, afirmaram as companhias.
Segundo analistas, a aquisição da Kraft provavelmente não vai enfrentar restrições por autoridades de defesa da concorrência uma vez que há pouca sobreposição entre os produtos da nova empresa.
A expectativa é que a transação seja concluída na segunda metade deste ano.
Representantes da 3G Capital e da Heinz no Brasil não comentaram a aquisição.
As fabricantes de alimentos processados como a Kraft estão enfrentando demanda mais fraca uma vez que os consumidores estão optando por produtos considerados mais saudáveis.
A Kraft reformulou sua administração nos últimos meses e tem afirmado que vai desenvolver produtos que possam atender à mudança nos hábitos dos consumidores. Entretanto, "o Conselho viu a oportunidade da 3G como mais atraente", disse Cahill em teleconferência sobre a operação.
Os produtos da Kraft incluem queijo e carnes processadas, refeições prontas e a marca de café Maxwell House, enquanto a Heinz produz ketchup, molhos e comida congelada.
A aquisição teve assessoria financeira da Lazard, enquanto o escritório Cravath, Swaine & Moore and Kirkland and Ellis atuou como assessor jurídico, do lado da Heinz. Já pela Kraft a operação teve assessoria financeira da Centerview Partners.