MOSCOU (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que o abate de um jato militar russo pela Turquia foi um crime de guerra e que o Kremlin puniria a Turquia com mais sanções, indicando que as consequências da derrubada do avião serão duradouras e sérias.
Minutos depois de Putin acabar de falar, seu ministro da Energia, Alexander Novak, disse que a Rússia vai interromper as negociações com a Turquia sobre um gasoduto turco, um movimento simbólico projetado para enfatizar a força da indignação do Kremlin.
Putin fez os comentários nesta quinta-feira durante seu discurso anual para a elite política russa sobre o Estado da Nação e disse que a Rússia não vai esquecer o incidente de 24 de novembro, que ele continua a considerar como uma terrível traição.
"Não estamos planejando envolver-nos em escaramuças militares (com a Turquia)", disse Putin, depois de pedir um momento de silêncio para os dois soldados russos mortos no rescaldo do incidente, e por russos vítimas do terrorismo.
"Mas se alguém pensa que, após ter cometido esse crime horrível de guerra, o assassinato de nosso povo, vão escapar com algumas medidas relativas aos seus tomates ou alguns limites em construções e outros setores, está muito enganado."
A Turquia terá motivos para lamentar suas ações "mais de uma vez", disse Putin, prometendo que as ações de retaliação da Rússia não serão nem histéricas nem perigosas.
A retórica usada por Putin vai acabar com as esperanças de qualquer reaproximação para breve e aprofundar a ruptura entre os dois países.
"Parece que Deus decidiu punir a classe dominante da Turquia, privando-a de sabedoria e juízo", disse ele.
Repetindo um chamado por uma nova e ampla coligação internacional contra o terrorismo, Putin, em uma referência explícita à Turquia, pediu aos países que evitem "padrões duplos, contatos com todas as organizações terroristas, e qualquer tentativa de usá-las para seus próprios fins".
A Turquia rejeitou veementemente as alegações russas de que tem ligação com militantes do Estado Islâmico. Na quarta-feira a Rússia levou as acusações para o campo pessoal, dizendo que a família do presidente turco, Tayyip Erdogan, está lucrando diretamente com o contrabando de petróleo para o Estado Islâmico.
A Rússia já proibiu algumas importações de alimentos turcos, incluindo frutas e legumes, como parte de um pacote mais amplo de sanções retaliatórias.
(Reportagem de Christian Lowe, Dmitry Solovyov, Masha Tsvetkova, Lidia Kelly, Denis Dyomkin, Daria Denis Pinchuk e Korsunskaya)