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Ibovespa despenca 4% com apreensão sobre eventuais tributos e China

Publicado 01.12.2014, 17:29
Ibovespa despenca 4% com apreensão sobre eventuais tributos e China
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa recuava fortemente na tarde desta segunda-feira, em meio a um quadro adverso para commodities no exterior, após dados desfavoráveis sobre a economia chinesa, combinado com preocupações locais sobre eventuais novas tributações visando reequilibrar as contas públicas.

Às 16h14, o Ibovespa perdia 3,95 por cento, a 52.507 pontos, com todos os papéis do índice no vermelho. O volume financeiro somava 5,72 bilhões de reais.

O anúncio da nova equipe econômica com Joaquim Levy à frente do Ministério da Fazenda agradou ao mercado, em um primeiro momento, ao representar um passo na direção de políticas mais ortodoxas.

Mas os desafios à frente para a economia ainda inspiram cautela, e nesta sessão, conforme profissionais do mercado ouvidos pela Reuters, especulações sobre eventuais medidas fiscais, principalmente relacionadas a tributos, trouxeram preocupações sobre o potencial impacto para companhias e investidores e acentuaram as perdas na bolsa.

Parte dos rumores encontrou suporte em reportagens da Folha de S.Paulo citando que a nova equipe econômica vai optar por aumento de tributos para fechar as contas públicas, bem como que governadores eleitos do PT articulam a volta da CPMF(Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

Em nota a clientes, o estrategitas da XP Inventimentos, Celson Placido, também citou que havia investidores atribuindo a forte queda da bolsa a rumores sobre tributação de dividendos e extinção de juros sobre capital próprio. Ele lembrou que há projeto de lei, do Renato Simões e Ricardo Berzoini do PT, sobre o assunto. Trata-se de um projeto de março.

"Há preocupação sobre o que o governo pode vir a tributar e o mercado vai ficar bastante atento a isso", afirmou o gestor de uma administradora de recursos no Rio de Janeiro, que preferiu não ter o nome citado.

Uma fonte ouvida pela Reuters também citou uma operação de venda de índice por um importante banco estrangeiro, com um investidor estrangeiro zerando posição em Brasil após sofrer resgate.

As ações da Natura e da Hypermarcas abriram com quedas expressivas após a Folha publicar que a equipe econômica estaria avaliando possível aumento da tributação sobre cosméticos.

O efeito dos boatos no mercado futuros de juros, bem como da cena externa, também respingava na Bovespa, afetando papéis de concessionárias, com Ecorodovias caindo 6,2 por cento e CCR perdendo 5,8 por cento, e shopping center, como BR Mall Participações, que cedia 7 por cento.

Nem mesmo a Oi sustentou os ganhos e caía 7,25 por cento, mesmo após acordo para negociar venda de ativos portugueses ao grupo europeu de telecomunicações Altice.

EXTERNO

O mercado local já vinha pressionado pelo quadro negativo no exterior, após o Índice Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do HSBC/Markit mostrar que o crescimento nas fábricas da China estagnou em novembro, enquanto a produção encolheu pela primeira vez em seis meses, em novas evidências sobre a fraqueza da atividade chinesa.

Os números levaram os preços dos contratos futuros de minério de ferro na China a quebrarem uma sequência de três altas e recuarem nesta segunda-feira, o que afetava os papéis da Vale, com as preferenciais da mineradora recuando 3,6 por cento.

Os preços do petróleo também começaram a semana com novas perdas, corroborando tom negativo na abertura da Bovespa, com o Brent tocando a mínima em cinco anos, mas a commodity reverteu o movimento buscando um piso, após a Opep decidir na semana passada que não vai cortar a produção.

Os papéis da Petrobras, já afetados pelo quadro desfavorável para a companhia, envolvida em denúncias de corrupção e com elevado nível de endividamento, recuavam 3,9 por cento no caso dos preferenciais. As ações ordinárias caíam 4,44 por cento.

A BM&FBovespa divulgou mais cedo a primeira prévia para a nova carteira do Ibovespa, que será válida de janeiro a abril de 2015, com saída das preferenciais da distribuidora paulista de energia Eletropaulo e entrada dos papéis ordinários da administradora de shopping centers Multiplan.

O movimento já era aguardado, conforme estimativas compiladas pela Reuters na sexta-feira.

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