Por Tom Perry e Lidia Kelly
BEIRUTE/MOSCOU (Reuters) - A Rússia conduziu bombardeios na Síria pelo terceiro dia consecutivo nesta sexta-feira, atingido sobretudo áreas controladas por grupos insurgentes rivais em vez de atacar os militantes do Estado Islâmico, alvos que alegava ser os principais, o que vem provocando uma reação cada vez mais irritada de países ocidentais.
A coalizão liderada pelos EUA que mantém sua própria guerra aérea contra o Estado Islâmico solicitou aos russos que interrompam seus ataques contra alvos que não sejam o EI.
"Nós pedimos à Federação Russa que cesse imediatamente os ataques contra a oposição síria e civis e foque seus esforços no combate ao Isil", disse a coalizão, que inclui os EUA, grandes potências europeias, Estados árabes e Turquia.
"Expressamos nossa profunda preocupação com relação à escalada militar russa na Síria e especialmente com os ataques da Força Aérea Russa em Hama, Homs e Idlib desde ontem, que causaram vítimas civis e não tiveram o Daesh como alvo", disse o grupo.
Isil e Daesh são dois acrônimos usados para se referir ao Estado Islâmico, também conhecido como Isis, grupo que autoproclamou um califado ao longo de faixas do leste da Síria e norte do Iraque.
Na Síria, o grupo é um dos muitos que lutam contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia. Washington e seus aliados regionais e ocidentais afirmam que a Rússia usa o EI como pretexto para bombardear outros grupos de oposição a Assad.
Alguns desses grupos receberam treinamento e armas dos inimigos estrangeiros do presidente sírio, incluindo os EUA.
O presidente russo, Vladimir Putin, manteve frias conversações com o presidente francês, François Hollande, em Paris, em sua primeira reunião com um líder ocidental desde que começaram os ataques na Síria, há dois dias, logo depois de ter feito um discurso na ONU defendendo o diálogo com Assad.
REZAS SUSPENSAS
As rezas desta sexta-feira foram suspensas em áreas controladas por insurgentes na província de Homs que foram atingidas por caças russos nesta semana, com os moradores temendo que mesquitas sejam atacadas, disse uma pessoa na região.
"As ruas estão quase que completamente vazias e há um toque de recolher tácito", disse um morador, falando a partir da cidade de Rastan, que foi atingida no primeiro dia dos ataques aéreos russos.
Aviões de guerra foram vistos sobrevoando a área, que é controlada por rebeldes contrários a Assad mas não possui presença significativa de combatentes do Estado Islâmico.
O Estado Islâmico também cancelou rezas nas áreas que controla, de acordo com ativistas de sua capital informal, Raqqa.
A ONU disse que foi forçada a interromper missões de ajuda humanitária que estavam planejadas para partes da Síria, por causa dos confrontos.