Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - O governo federal conseguiu nesta quinta-feira lances de interessados para os aeroportos de Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis, em leilão com ágios elevados e que marca um primeiro teste da confiança dos investidores de longo prazo no país sob o governo de Michel Temer.
A francesa Vinci Airports ficou com direito de administrar o aeroporto de Salvador, ofertando ágio de cerca de 113 por cento. A suíça Zurich ficou com Florianópolis, ao propor lance que embutiu ágio de 58 por cento e a alemã Fraport venceu o leilão dos terminais de Fortaleza e Porto Alegre (RS), com oferta ágios de 18 e 852 por cento, respectivamente.
A estimativa inicial do governo era que leilão levantasse 3 bilhões de reais com as outorgas e a disputa terminou com valor de 3,72 bilhões. Porém, de acordo com as regras do certame, o pagamento das outorgas será de 25 por cento à vista no ato da assinatura dos contratos. O restante será distribuído ao longo das concessões.
O maior lance financeiro do leilão foi feito pela francesa Vinci Airports, para o aeroporto de Salvador (BA), que disputou sozinha. A empresa ofertou 660,9 milhões de reais pelo terminal baiano ante valor mínimo de 310 milhões de reais.
O lance vencedor da Zurich para o terminal catarinense foi de 83,3 milhões de reais ante oferta mínima definida no edital de 53 milhões.
Já a Fraport venceu Fortaleza com lance de 425 milhões de reais, e ficou com o aeroporto de Porto Alegre, ofertando 290,5 milhões.
Mais cedo, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, tinha afirmado que o leilão era "um teste muito importante para o programa de concessões do governo".
O número de participantes ficou bem abaixo de expectativas sinalizadas por membros do governo federal na semana passada, quando esperava-se que pelo menos oito grupos internacionais participassem.
Nesta semana, a brasileira CCR CCRO3 (SA:CCRO3).SA, que administra o aeroporto de Confins (MG), e a argentina Corporación América, que detém concessão dos terminais de Brasília e de Natal (RN), afirmaram que as condições definidas no leilão desta quinta-feira não permitiam a viabilidade dos projetos. A CCR citou ainda que as projeções demanda de passageiros dos aeroportos a serem concedidos estavam exageradas.
Em 2016, a demanda por voos domésticos no Brasil caiu 5,7 por cento, primeira queda desde 2003, e a oferta de lugares em voos recuou 5,9 por cento, primeira redução desde 2013.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os quatro aeroportos operam atualmente 11,6 por cento dos passageiros, 12,6 por cento das cargas e 8,6 por cento das aeronaves do tráfego aéreo brasileiro.