Estrasburgo (França), 12 dez (EFE).- O líder da Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (ALDE), Guy Verhofstad, pediu nesta quarta-feira ao Partido Popular Europeu (PPE) expulsar o ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi, que há menos de uma semana anunciou sua intenção de ser candidato às eleições italianas de fevereiro.
O pedido se produz em meio a uma verdadeira chuva de críticas a Berlusconi, já que sua candidatura afetaria a estabilidade alcançada pelo governo tecnocrata de Mario Monti, e é defendido por grande parte do PPE, incluindo seu líder na Eurocâmara, Joseph Daul.
"É inadmissível o que está ocorrendo. Agora, parece que ele quer voltar (em referência a Berlusconi), derrubar o governo italiano e, de quebra, toda a zona do euro por trás dele", apontou o liberal belga Guy Verhofstad em um debate no plenário.
"Expulsem o do PPE de uma vez por todas para pôr fim nesta situação e para que possamos encontrar a estabilidade", declarou o líder liberal ao presidente do grupo PPE na Eurocâmara, Joseph Daul, que, por sua vez, respondeu que não se pode "saltar os estatutos do partido".
Sobre a possibilidade de esta expulsão ser concretizada, fontes do PPE explicaram à Agência Efe que "não é possível expulsar um homem que foi eleito por um partido na Itália".
"Berlusconi renunciou seu cargo de primeiro-ministro, mas não deixou de ser o líder italiano do PPE", acrescentaram as fontes, que não descartaram a presença de "Berlusconi" na cúpula desta formação europeia prévia à cúpula de chefes de Estado e Governo em Bruxelas, marcada para quinta e sexta-feira.
Ontem, em entrevista coletiva, o próprio Daul afirmou que "a Europa está muito preocupada" com a situação política italiana e que seria um "grave erro deixar o governo de Mario Monti cair".
"Pelo euro e pela economia não podemos permitir uma política de espetáculo. Necessitamos de uma gestão mais rigorosa", assinalou Daul, que evitou se referir a Berlusconi explicitamente.
Das fileiras social-democratas (S&D), seu presidente, Hannes Swoboda, também criticou "as idas e vindas" do magnata italiano na política italiana.
"Silvio Berlusconi e a extrema direita estão mostrando irresponsabilidade novamente ao retirar o apoio do governo de Mario Monti", assinalou Swoboda em comunicado.
"A Itália necessita de uma política estável. A eleição de Berlusconi não seria uma opção racional e cooperativa com a estratégia europeia, mas uma via populista fundamentada em uma personalidade individual que não pode solucionar os problemas urgentes da Itália", acrescentou. EFE