Por Marta Nogueira
NOVA LIMA, Minas Gerais (Reuters) - A perda de estabilidade na fundação de rejeitos da barragem de Fundão, da Samarco, em um processo conhecido como liquefação, foi a causa do rompimento da estrutura, em novembro do ano passado, concluiu uma investigação independente contratada pelas mineradoras Samarco, Vale (SA:VALE5) e BHP Billiton.
A liquefação foi consequência de uma cadeia de eventos e condições, disse nesta segunda-feira Norbert Morgenstern, chairman do painel de especialistas da Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, contratada para realizar a investigação.
Alterações realizadas no projeto em anos anteriores ao rompimento da barragem, que resultou no maior desatre ambiental da história do Brasil, contribuíram com o incidente, que também provocou 19 mortes.
Para Morgenstern, lama foi depositada em áreas não previstas na ombreira esquerda da barragem e o alinhamento do maciço foi recuado da sua localização originalmente planejada.
Dessa forma, de acordo com a investigação, havia lama abaixo do maciço que passou por processos de alteamento, quando as paredes da estrutura são aumentadas para receber mais rejeitos, fazendo pressão no conteúdo.
A investigação também apontou que tremores de terra ocorreram antes do rompimento da barragem.
"Com apenas um pequeno incremento adicional de carga produzido pelos abalos sísmicos, o gatilho da liquefação foi acelerado e iniciou o fluxo de rejeitos", apontou o resumo executivo da investigação.
Morgenstern participou de uma conferência de imprensa nesta segunda-feira, falando de Toronto (Canadá), por meio de vídeo conferência.
A investigação não apurou eventuais culpas pelo desastre.
(Por Marta Nogueira; com reportagem adicional de Stephen Eisenhammer, no Rio de Janeiro)