SÃO PAULO (Reuters) - A Lojas Renner (SA:LREN3) tem adotado iniciativas para manter a inadimplência de clientes estável em 2016 frente a este ano, entre elas a implantação de nova infraestrutura de tecnologia, disse nesta sexta-feira seu diretor-financeiro, Laurence Gomes.
"O momento agora é de foco na cobrança", disse Gomes. "A nossa infraestrutura de tecnologia (de cobrança) foi concluída agora em setembro. Vamos começar a operar com a capacidade total dessa nova infraestrutura em outubro", disse o executivo em teleconferência com analistas.
"Com base nisso, para 2016, com ajustes táticos na operação de cobrança, esperamos, num cenário ainda desafiador, buscar entregar nível de inadimplência muito semelhante ao de 2015", afirmou.
A varejista de moda teve alta anual de 15 por cento no lucro líquido do terceiro trimestre, para 96 milhões de reais, em um resultado dentro do esperado, mas que incluiu forte aumento de indicadores de pagamentos em atraso.
O diretor financeiro reafirmou declaração dada na véspera de que a inadimplência maior ocorreu em função da degradação do cenário econômico. "Estamos fazendo ajustes táticos, pontualmente. Mas a estratégia continua a mesma, porque já temos uma política conservadora de crédito", declarou.
Para o quarto trimestre, a projeção da empresa é que as vendas mesmas lojas (abertas há mais de 12 meses) tenham alta de até um dígito médio diante de uma base mais expressiva no mesmo período do ano passado. No terceiro trimestre, elas subiram 12,6 por cento, ante 7,5 por cento um ano antes.
"Não vemos sinais claros de desaceleração. Temos visto um bom fluxo nas lojas, isso nos dá algum sinal positivo", disse.
De acordo com o executivo, a variação do câmbio representa um desafio somente para 2017, uma vez que a empresa já realizou "hedge" (proteção) para praticamente todas as coleções do ano que vem. A Renner trabalha com câmbio médio de 3,60 reais em 2016.
Gomes afirmou que, diante da valorização do dólar, a varejista de moda mantém a estratégia de negociar preços com fornecedores estrangeiros e se aproximar de fornecedores locais.
O diretor-presidente da Renner, José Galló, declarou por sua vez que apesar de antever cenário ainda ruim em 2016, as margens devem ficar estáveis. A margem bruta da operação de varejo subiu 1 ponto percentual no período de julho a setembro, para 53,1 por cento.
"A confianca esta baixa, mas consumidor não vai deixar de comprar roupa", disse Galló, prevendo Natal "bom", mas não "explosivo" em termos de vendas.
As ações da empresa recuavam 4,93 por cento às 14h49 na Bovespa, diante de alta de 0,41 por cento do principal índice da bolsa paulista.
(Por Luciana Bruno)