Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A ISA Cteep (BVMF:TRPL4) concluiu o ano de 2022 com marcos importantes em investimentos realizados em ativos de transmissão de energia e prevê manter essa tendência de crescimento, estimando aportes de cerca de 10 bilhões de reais nos próximos anos na construção de novas linhas e em reforços e melhorias da sua rede existente, disseram à Reuters executivos da companhia nesta quinta-feira.
A transmissora de energia encerrou o último trimestre de 2022 com um lucro líquido de 363,6 milhões de reais, cifra 172,6% superior à registrada em igual período do ano anterior. Com isso, no ano o lucro somou 936,9 milhões de reais, aumento de 6,8%.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) atingiu 634,7 milhões de reais no trimestre (+37,1% no comparativo anual) e, no acumulado de 2022, 2,46 bilhões de reais (+4,6%).
Segundo a elétrica, a melhora dos resultados foi puxada pelo reajuste tarifário 2022/2023 e pela entrada em operação de projetos de transmissão.
No ano passado, a ISA Cteep colocou em operação cinco novos empreendimentos, que somam cerca de 1,2 mil quilômetros de linhas e cerca de 370 milhões de reais em receita. Os investimentos (Capex) da companhia totalizaram 1,93 bilhão de reais em 2022, representando recorde histórico em um único ano.
Do lado negativo, a companhia ainda sofreu redução de receita devido à reprogramação de pagamentos referentes à indenização da Rede Básica Sistema Existente (RBSE), mas o efeito disso deve ser cada vez menor nos próximos trimestres, à medida que a empresa começa a receber parte dos valores, disse a diretora financeira, Carisa Portela.
"Tirando a RBSE, que é um item à parte, a nossa receita operacional líquida cresceu 21,5%... Temos mais seis projetos (para construir), que somam 530 milhões de reais em receita anual permitida (RAP), nos próximos quatro anos", destacou a executiva.
Segundo o diretor-presidente da transmissora, Rui Chammas, a companhia deverá investir cerca de 10 bilhões de reais nos próximos anos, sendo metade desses valores em projetos construídos do zero, conquistados em leilões do governo. A outra metade irá para reforços e melhorias, principalmente em ativos no Estado de São Paulo, que trazem incrementos de receita e redução de custos de operação e manutenção.
Próximos leilões
A ISA Cteep está finalizando um estudo que conduziu junto a vários agentes do setor elétrico sobre a capacidade do mercado de transmissão de energia em absorver o elevado volume de projetos que o governo brasileiro pretende leiloar em 2023.
"O que a gente percebe é que, em se mantendo todo o cronograma, alguns gargalos podem se materializar... Vamos levar isso para o Ministério de Minas e Energia e para a Aneel (agência reguladora)", disse o presidente da transmissora.
Chammas destaca que os mais de 50 bilhões de reais em investimentos previstos a partir dos leilões de 2023 representam um volume inédito para o segmento e pressionariam a cadeia de suprimentos, com potenciais problemas principalmente no fornecimento de equipamentos e em construção.
Outro ponto de atenção, diz, é a velocidade do licenciamento para todos os projetos. "Os órgãos ambientais vão ter que estar reforçados... Temos que ter a noção da quantidade de demanda que está se colocando, ou priorizamos ou os projetos vão ser priorizados naturalmente, ou seja, vão atrasar".
O primeiro leilão de transmissão do ano, marcado para junho, terá nove lotes, com 15,8 bilhões de reais em aportes estimados. A ISA Cteep está analisando alguns lotes e deve participar do certame, diz Chammas, sem detalhar.
Chuvas no Litoral Norte
A ISA Cteep também está atenta aos impactos das fortes chuvas no litoral norte de São Paulo em seus projetos. Uma torre da linha de transmissão São Sebastião-Bertioga teve sua estrutura afetada, de forma que a empresa fez um redirecionamento de cargas para outras linhas para que não houvesse interrupção do fornecimento de energia aos consumidores.
Segundo Chammas, por ora não foram identificados danos maiores nas linhas da região, mas a companhia fará uma investigação mais aprofundada quando as chuvas pararem e a situação não apresentar mais riscos de segurança.
(Por Letícia Fucuchima)