Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) teve queda no lucro líquido do segundo trimestre, a 316 milhões de reais, em resultado abaixo do consenso do mercado devido a despesas bilionárias com a adesão a programas de regularização tributária, preços do petróleo ainda fracos, queda nas exportações e menores vendas domésticas.
O lucro líquido recuou 14,6 por cento sobre os segundo trimestre de 2016 e 93 por cento ante os três primeiros meses deste ano, com efeitos negativos de 6,234 bilhões de reais da adesão aos programas tributários conhecidos como PRT e Pert. As despesas com Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido somaram, por exemplo, 4,331 bilhões de reais no segundo trimestre.
Analistas, em média esperavam lucro líquido de 2,405 bilhões de reais.
"O lucro foi bem menor que no primeiro trimestre, mas pelo segundo trimestre temos lucro, o que não se via há muito tempo...", afirmou o presidente-executivo da Petrobras, Pedro Parente, em entrevista a jornalistas após a divulgação dos resultados.
Entretanto, ele citou ainda a queda dos preços do petróleo frente ao primeiro trimestre e menores volumes vendidos no mercado interno, que caíram quase 10 por cento na comparação com o segundo trimestre do ano passado, para 1,836 milhão de barris/dia, ainda pelo impacto da crise econômica.
O preço do petróleo Brent no segundo trimestre ficou em 49,83 dólares/barril, em média, recuo de 7 por cento ante os três primeiros meses do ano, mas um aumento ante o mesmo período de 2016 (45,57 dólares).
"O resultado segundo trimestre teve impacto do preço do petróleo, que caiu, e da demanda menor. Como o preço cai e a quantidade cai, há um efeito (sobre resultado)...", completou Parente, lembrando que os resultados ainda foram relativamente bons, principalmente por conta de medidas de redução de custos.
O presidente destacou que resultados positivos a partir de uma revisão da política de preços dos combustíveis, anunciada no fim de junho, que permitiu ajustes quase diários para recuperar participação de mercado perdida, virão apenas a partir de setembro. nL1N1JR0YW]
Enquanto isso, o resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado somou 19,094 bilhões de reais no segundo trimestre, queda de 6,6 por cento ante o mesmo período do ano passado.
E a companhia viu uma queda ainda maior no Ebitda, de 24 por cento, ante o primeiro trimestre, devido principalmente à queda nas margens dos derivados, além de menor volume de exportações.
A exportação no segundo trimestre somou 654 mil barris por dia no segundo trimestre --sendo 487 mil barris/dia de petróleo e 167 mil barris/dia de derivados--, versus 779 mil barris no primeiro trimestre e ante 515 mil barris no mesmo período do ano passado.
As importações somaram 341 mil barris/dia, com leve queda ante o mesmo período do ano passado, sendo 139 mil barris/dia de petróleo, 10 mil de diesel e 7 mil de gasolina, além de 185 mil barris/dia de "outros derivados".
PERFIL DA DÍVIDA
O fluxo de caixa livre foi positivo pelo nono trimestre consecutivo, atingindo 9,354 bilhões de reais, mas ficou 30 por cento abaixo do valor registrado no primeiro trimestre em meio a uma redução da geração operacional.
O endividamento líquido caiu de 314,120 bilhões de reais ao final do ano passado para 295,3 bilhões de reais ao final do primeiro semestre.
O indicador de dívida líquida/Ebtida ajustado ficou em 3,23 vezes, praticamente estável ante o primeiro trimestre (3,24 vezes), mas com uma queda importante ante o mesmo período do ano passado, quando era de 4,30 vezes.
O diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, afirmou que a dívida da empresa "continua muito alta" e que por isso a petroleira está tentando refinancimentos.
"Por isso continuamos com a trajetória de redução da dívida, e com programa de desinvestimento, hoje temos várias opcões... todos os bancos e em todas as geografias estão abertos e vamos anunciar nas próximas semanas outra operações", disse ele.
Ele afirmou que a companhia buscará reduzir ainda mais os volumes de vencimentos de dívidas em 2018, 2019 e 2020. "Hoje temos vencimento para 2018 de 9,3 bilhões de dólares e vamos trabalhar para uma redução entre 1,5 e 2 bilhões de dólares", declarou Monteiro.
O executivo explicou que uma das fontes de financiamento neste ano será com um retorno ao BNDES, que irá somar 2 bilhões de reais.
Desse volume, até 1 bilhão de reais será com a linha Finame, voltada para máquinas e equipamentos, e os demais para outras finalidades, disse o diretor.
Enquanto lida para reduzir dívida, a empresa trabalha na revisão do plano negócios e gestão, que deverá ser apresentado ao conselho de administração em setembro, para depois ser revelado ao mercado, disse o presidente da empresa.
(Com reportagem adicional de Alex Alper e Guillermo Parra-Bernal)