Por Rodrigo Viga Gaier e Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) informou nesta segunda-feira que teve lucro líquido de 266 milhões de reais no terceiro trimestre, abaixo da expectativa bilionária do mercado, em meio a eventos não recorrentes, como contingências judiciais e adesão a programas de regularização tributária, além de queda nas vendas de combustíveis.
O resultado, entretanto, reverteu um prejuízo de 16,458 bilhões de reais no mesmo período do ano passado, que havia sido amplamente impactado por baixas contábeis, dentre outras questões, informou a petroleira estatal.
O consenso do mercado apontava para um lucro de 3,2 bilhões de reais entre julho e setembro deste ano.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou 19,223 bilhões de reais no terceiro trimestre, ante 22,262 bilhões de reais no mesmo período do ano passado.
"O resultado foi inferior ao que esperava o mercado, mas isso se deveu a itens extraordinários, que totalizam cerca de 2 bilhões de reais, e eles reduziram o resultado nesse trimestre para números da ordem de 300 milhões de reais, ainda positivo", afirmou o presidente da Petrobras, Pedro Parente, a jornalistas.
Parente voltou a afirmar que gostaria de voltar a pagar dividendos o quanto antes e que isso será possível caso o resultado acumulado de 2017 seja positivo. Entretanto, evitou fazer qualquer projeção de expectativa.
No acumulado do ano até setembro, a Petrobras somou lucro líquido de 5,031 bilhões de reais, ante prejuízo líquido de 17,334 bilhões de reais no mesmo período de 2016. Para Parente, a mudança de cenário da empresa, "sem dúvida, se deve comemorar".
No encontro com jornalistas, o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, explicou que dos 2 bilhões de reais, em itens extraordinários no terceiro trimestre, aproximadamente 900 milhões foram do chamado Refis, programa de refinanciamento de débitos tributários da União.
Em seu balanço financeiro, a Petrobras informou "outras despesas operacionais" de 4,5 bilhões de reais, com maior provisão para perdas e contingências com processos judiciais, que somaram 1,64 bilhão de reais.
A empresa reportou ainda despesas gerais e administrativas de 2,45 bilhões de reais no terceiro trimestre, alta de 10 por cento ante o segundo trimestre, basicamente por maiores gastos com serviços de terceiros.
A receita de vendas da Petrobras no terceiro trimestre somou 71,822 bilhões de reais, ante 70,443 bilhões no mesmo período do ano passado.
Ao enfrentar aumento da concorrência no mercado de combustíveis, com crescente aumento de importações por outras companhias, o volume de derivados no mercado interno da Petrobras somou 1,886 milhão de barris ao dia, queda de 5,2 por cento na comparação com o mesmo período do ano passado.
O executivo atribuiu ao aumento de tributos a alta nos preços dos derivados mensuradas nos últimos meses no mercado interno.
MENORES DÍVIDAS
Entre julho e setembro, a Petrobras também apontou redução do seu endividamento, o maior para uma petroleira no mundo, e apresentou seu décimo trimestre consecutivo de fluxo de caixa livre positivo, com 14,7 bilhões de reais, no terceiro trimestre.
A dívida líquida da empresa somou 279,237 milhões de reais ao final do terceiro trimestre, ante 314,120 milhões de reais no fim de 2016.
Com isso, o índice dívida líquida sobre Ebitda ajustado caiu para 3,16 vezes, ante 3,54 no fim do ano passado e 3,93 vezes no terceiro trimestre de 2016.
Entre o final do ano passado e o terceiro trimestre deste ano, a alavancagem reduziu de 55 para 51 por cento.
Monteiro destacou a gestão da dívida da empresa, que buscou um alongamento e possibilitou o aumento do prazo médio do vencimento de 7,46 anos, no fim de 2016, para 8,36 anos, no fim do terceiro trimestre.
Monteiro reiterou que, para lidar com a grande dívida, a Petrobras mantém a meta de levantar 21 bilhões de dólares no biênio 2017-2018, com venda de ativos e atração de parcerias.
Dos 13,6 bilhões de dólares de desinvestimentos no biênio anterior 2015-2016, 7,8 bilhões de dólares já entraram no caixa da empresa, segundo o diretor.
REDUÇÃO DE CAPEX
Para o ano, a empresa reduziu nesta segunda-feira em 6 por cento a previsão de investimentos, para 16 bilhões de dólares, sem impactos na meta de produção de petróleo no Brasil, de 2,07 milhões de barris.
Dentre os motivos, estão a postergação de alguns projetos, redução de tarifas de embarcações de apoio e maior eficiência das atividades de revitalização de plataformas.
Os projetos a serem postergados são atividades de construção de plataformas de produção de petróleo, do Gasoduto Rota 3 (que vai escoar a produção do pré-sal para o Comperj) e ajustes no cronograma de Tartaruga Verde.
Em 2018, o diretor de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia, Roberto Moro, prevê a contratação de três novas plataformas: Búzios, Marlim e Parque das Baleias.
(Por Rodrigo Viga Gaier, Marta Nogueira e Roberto Samora)