Por Marta Nogueira e Roberto Samora
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) teve lucro líquido de 6,96 bilhões de reais no primeiro trimestre, alta de 56,5 por cento na comparação com o mesmo período do ano passado, no melhor resultado da empresa desde 2013, em meio a preços mais altos do petróleo e ganhos com vendas de áreas petrolíferas.
O preço do petróleo no mercado internacional saiu de 53,8 dólares o barril na média do primeiro trimestre de 2017 para 66,8 dólares no mesmo período deste ano, informou a empresa nesta terça-feira, em referência a um dos fatores por trás do lucro.
A alta na cotação do petróleo também permitiu que a Petrobras obtivesse margens mais elevadas nas exportações de petróleo e gás natural, assim como na venda de derivados, disse a estatal.
No entanto, executivos da Petrobras afirmaram que não é adequado considerar que apenas o preço do petróleo foi responsável pelo maior lucro trimestral desde o início de 2013, quando a empresa havia lucrado 7,69 bilhões de reais.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, destacou que, naquele trimestre, os preços do petróleo estavam acima dos 100 dólares por barril, contra a média de cerca de 67 dólares registrada no primeiro trimestre de 2018.
"Certamente um resultado bastante positivo, estamos bastante satisfeitos... ele reflete não apenas o esforço que está sendo feito na empresa como um todo, mas os resultados desse esforço", disse Parente a jornalistas.
"O preço do Brent é um componente importante, mas acho que você pode perceber (que)... todo o resultado alcançado foi baseado no plano de negócios", acrescentou o diretor-executivo da Área Financeira e de Relacionamento com Investidores da Petrobras, Ivan Monteiro.
A empresa teve ganhos de 3,2 bilhões de reais com a alienação de ativos de Lapa, Iara e Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos, acrescentou.
"Você percebe em cada linha do balanço a captura de cada uma dessas etapas, seja no plano de desinvestimenros, seja nos custos da companhia...", completou Monteiro, também na conferência de imprensa.
O lucro de juros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou 25,67 bilhões de reais, ante 25,25 bilhões de reais no primeiro trimestre de 2017.
Parente manteve a meta para a assinatura de desinvestimentos para o biênio 2017-2018, de 21 bilhões de dólares, em busca também de atingir o objetivo de desalavancagem de 2,5 vezes dívida líquida sobre Ebitda.
"Estamos cumprindo à risca o que prometemos no nosso plano de negócios anunciado em 2016 e o resultado do primeiro trimestre mostra que as escolhas têm sido acertadas...", afirmou o presidente da Petrobras.
Segundo ele, com o resultado do primeiro trimestre, a empresa consolida uma trajetória de recuperação.
"Nosso objetivo, e ainda há muito o que fazer, é chegar a dezembro com uma empresa que tem indicadores de segurança entre os melhores do nosso setor, financeiramente equilibrada e com sua reputação recuperada", disse Parente.
A Petrobras informou ainda que o fluxo de caixa livre permaneceu positivo pelo décimo segundo trimestre consecutivo, atingindo 12,993 bilhões de reais, 3 por cento inferior ao ano anterior, principalmente em função do pagamento da primeira parcela do acordo da Class Action e do prêmio para contratação de opções de venda para proteger o preço de parte da produção de óleo.
Por volta de meio-dia, as ações preferenciais da companhia operavam em alta de mais de 1 por cento, as ordinárias subiam 0,5 por cento, enquanto o Ibovespa avançava 0,3 por cento e o petróleo Brent tinha queda de quase 1 por cento.
REMUNERAÇÃO
Os resultados da empresa foram duramente impactados nos últimos anos a partir da descoberta do maior escândalo de corrupção da história do Brasil, no início de 2014, que envolveu fraudes em contratos da petroleira para pagamento de propina a políticos e ex-executivos.
Segundo Parente, hoje a empresa é "muito diferente daquela que existia antes da Lava Jato".
A Petrobras informou também nesta terça-feira que seu Conselho de Administração aprovou em reunião na véspera a distribuição de remuneração antecipada aos acionistas sob a forma de Juros sobre o Capital Próprio (JCP), no valor de 652,2 milhões de reais, correspondente ao valor bruto de 0,05 real por ação.
A empresa pagará o JPC em 25 de maio, com base na posiçãoacionária de 21 de maio, interrompendo anos sem remunerar osacionistas.
Anteriormente, a remuneração ocorria com base em resultadosanuais. Mas prejuízos anuais desde 2014 impediram pagamento dedividendos aos acionistas nos últimos anos.
(Por Marta Nogueira e Roberto Samora)