Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A mineradora Vale teve lucro líquido de 7,14 bilhões de reais no terceiro trimestre, quase quatro vezes superior ao registrado no mesmo período de 2016, devido a melhorias na realização de preços, levando a empresa a dizer nessa quinta-feira que está a caminho de acelerar a redução do endividamento líquido.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou 13,25 bilhões de reais no período, alta de 37,5 por cento ante o mesmo trimestre do ano passado, com aumento nas vendas de minério de ferro, principal produto da companhia.
Os resultados vieram levemente abaixo do esperado. Em dólares, o lucro líquido atingiu 2,23 bilhões de dólares, ante consenso de estimativas compiladas pela Thomson Reuters de 2,439 bilhões de dólares.
A comercialização de minério de ferro (finos) da companhia, maior produtora global da commodity, atingiu 76,4 milhões de toneladas, ante 74,2 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado, com vendas a preços mais altos.
O preço de referência de finos de minério de ferro fechou o terceiro trimestre em 76,10 dólares por tonelada, alta de quase 30 por cento na comparação anual.
Assim, a Vale registrou receita operacional líquida de 28,6 bilhões de reais no terceiro trimestre, alta de 31 por cento na comparação anual.
Em relatório, o BTG Pactual (SA:BPAC11) destacou que a Vale está melhorando os resultados, mas observou que eles vieram levemente abaixo das expectativas da instituição, que, admitiu o banco, "estavam altas".
O Ebitda em dólares foi de 4,192 bilhões, 9 por cento abaixo do esperado pelo BTG e entre 3,5 por cento e 4 por cento abaixo do consenso de analistas.
"Atribuímos isso a uma série de fatores: embarques de minério de ferro ligeiramente inferiores (-8 por cento abaixo), baixas realizações de preços de pelotas (-8%), menor Ebitda de metais básicos (-20 por cento com desempenho decepcionante no níquel) e menor Ebitda de carvão...", analisou o BTG.
FLUXOS FUTUROS
O presidente-executivo da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou que os números do trimestre mostraram os resultados iniciais "da abordagem de gerenciamento de custos matricial" e sinalizou resultados ainda melhores no futuro.
"A rigorosa disciplina na alocação de capital terá impacto direto nos fluxos de caixa futuros", acrescentou ele.
Os investimentos da Vale somaram 863 milhões de dólares no terceiro trimestre e devem fechar ano de 2017 em 4 bilhões de dólares --a previsão de setembro para o Capex era de 4,2 bilhões de dólares, versus 5,5 bilhões em 2016.
Segundo Schvartsman, esta é uma nova fase para a Vale em termos de eficiência, sustentabilidade e governança corporativa.
"Agora podemos ir para o segmento de listagem do Novo Mercado bem antes dos nossos planos originais com o apoio de todos os nossos acionistas. Estamos prontos para transformar a Vale em uma verdadeira corporação", completou.
QUEDA NA DÍVIDA
Segundo a Vale, os recursos de Project Finance do corredor logístico de Nacala, em Moçambique, permitirão à companhia atingir em 2017 dívida líquida entre 15 bilhões e 17 bilhões de dólares.
Em apresentação em setembro, a companhia havia informado que deveria fechar o ano com dívida líquida entre 14 bilhões e 16 bilhões de dólares.
A Vale fechou o terceiro trimestre com dívida líquida de 21,07 bilhões de dólares, ante 22,1 bilhões de dólares no segundo trimestre e quase 26 bilhões de dólares no mesmo período do ano passado.
"O quarto trimestre acelerará a redução da dívida. Tradicionalmente é um trimestre muito forte em termos de venda e recebimentos, e, além disso, assinaremos o Project Finance do Corredor de Nacala no dia 22 de novembro de 2017, com o recebimento acima de 2 bilhões de dólares", disse o diretor financeiro da Vale, Luciano Siani, em nota.
"Os recursos estarão totalmente disponíveis para a redução da dívida, nos permitindo atingir o target de dívida líquida entre 15 bilhões e 17 bilhões de dólares de 2017", destacou.
(Com reportagem adicional de Alexandra Alper)