Os primeiros relatórios sobre o desempenho do Banco do Brasil (SA:BBAS3) no quarto trimestre mostram que os analistas gostaram do que viram. O destaque ficou para as metas do banco para 2020 (o chamado guidance).
Entre as estimativas que mais agradaram o mercado, está a previsão de um lucro líquido entre R$ 18,5 bilhões e R$ 20,5 bilhões.
O valor, em si, não é muito diferente dos R$ 18,2 bilhões que o banco lucrou em 2019, nem diverge da média das projeções do mercado para 2020. Mas, o que anima os analistas é a qualidade do lucro que pode ser gerado neste ano.
“A composição do guidance é melhor que o esperado, considerando que ele se baseia mais no crescimento do NII [lucro líquido gerado por juros, na sigla em inglês]”, afirma o Credit Suisse, em relatório assinado pelos analistas Marcelo Telles, Otavio Tanganelli e Alonso Garcia.
Aperitivo O NII, aliás, já contribuiu positiva para os resultados de 2019, uma vez que a carteira de recuou 3% na comparação anual. A queda foi compensada por uma margem maior de lucro sobre os empréstimos, representada pelo aumento de 12% no NII, em relação a 2018.
“O desempenho [do NII] foi melhor do que esperávamos, ajudado por fortes ganhos de tesouraria e baixos custos de funding”, diz o BTG Pactual (SA:BPAC11), em análise assinada por Eduardo Rosman, Thomas Peredo e Thiago Kapulskis.
A melhora do NII, em 2020, deve ser ajudada por três fatores. O primeiro é a expectativa de que a taxa básica de juros (Selic) continue num patamar historicamente baixo, barateando o custo de capital do banco. O segundo é a queda da provisão para devedores duvidosos (que reflete a inadimplência dos clientes).
Por fim, a própria carteira total de crédito deve crescer de 5,5% a 8,5%, segundo o guidance do BB, liderada pela maior concessão a pessoas físicas (crescimento previsto de 10% a 13%).
Animador
“O Banco do Brasil (SA:BBAS3) providenciou um guidance encorajador para 2020”, afirmam Luis Azevedo e Silvio Dória, responsáveis pelo relatório do Banco Safra.
Segundo eles, o lucro líquido previsto para este ano representa um ROAE (retorno médio sobre o patrimônio líquido, na sigla em inglês) de aproximadamente 17%, se considerado o ponto médio do guidance.
O Credit Suisse também acredita que o BB se destacará em 2020, se entregar o que prometeu. “O ponto médio do guidance implica num crescimento de 9% do lucro líquido, o que seria um dos melhores desempenhos entre os bancos com maior valor de mercado em nossa cobertura.”
O mercado, contudo, não reagiu com o mesmo otimismo que os analistas aos números do BB. Por volta das 14h30, as ações caíam 1,12% e eram negociadas a R$ 51,04. Justiça seja feita, no mesmo momento, o Ibovespa recuava 1,21%, para 115.261 pontos.